sexta-feira, 25 de novembro de 2011

De uma vez.

O tudo e o nada contestam meu território cerebral.


O que eu quero? O que eu não quero? O que eu quero e o que não quero ao mesmo tempo?
Ilusões pela bebedeira ou alucinações de sono?


Não sei dizer.


O amor de certa forma se esvaiou, a paixão ardeu no coração, a sustentabilidade abriu um horizonte e as pálpebras me induziram.


Onde estou? No mesmo lugar. Você é que não está aqui.

sábado, 19 de novembro de 2011

Dor.

Nojo. Sinto nojo de mim. Preciso agora correr para aquele banheiro e me enfiar embaixo d’agua para que meu corpo seja limpo. Passar o sabonete por todo ele com força como se rasgasse minha pele e arrancasse as marcas que há. Isso não basta. A carne é fraca. Ela deve ser arrancada também. Devo desfiar as fibras, os músculos, não importa a dor. Não será maior do que a de ter te perdido ou de ter feito o que fiz.

(...)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Trechos extraviados 3.

Acendi um cigarro enquanto olho a lua no céu e penso em ti. Meus instintos primitivos me aquecem junto a você. O cigarro é tragado no canto da boca enquanto uma das mãos percorre meu corpo me fazendo aquecer a parte rija e selvagem do meu corpo em movimentos rápidos e que atiçam as memórias do meu corpo junto ao seu. Preciso de você. Agora.

[...]

Ouço a sua voz e sua respiração ofegante.

[...]

Muitos fluidos sairam do meu corpo e com um ar de satisfação, todavia infima, pois não estas aqui presente em forma física - como eu desejava, meu corpo pede outro cigarro.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Chega mais. Chega disso.

[Casa]

Em uma manhã de sol, com nuvens brancas e o cheiro de café solúvel a se arrastar pelas portas da casa de Henrique, ele acordava com a ressaca dos beijos longos, dos urros noturnos, das marcas no pescoço e da satisfação plena de uma noite bem servida. Talvez se encontrasse ainda em um ecstasy incontrolável ou estivesse. Chegou à cozinha, ainda bêbado de sono pelas ínfimas horas dormidas, e a mesa posta com dedicação por Pierre lhe indicava um amor a se encontrar. Não.

[Apartamento]

Fernando acabara de levar um tapa na cara. De ódio, de fúria. Merecido. Com todo seu ar esnobe e fugaz, foi ele mesmo quem deu a cara a bater. Isso o tornava tão homem de suas próprias decisões que nem ele mesmo acreditava que era capaz de encontrar um amor em que teria que dividir-se. Christian tinha os olhos marejados, talvez há quem os definisse como calejados ou talvez como fechados. Isso sempre lhe acontecia e mesmo assim ele. Sim.


[...]


Henrique chegou sorrateiro e com um sorriso gigante no rosto, para que Pierre não o percebesse, mas ao vê-lo tirar os cupcakes de banana com canela do forno, ainda fumegantes e com um aroma irresistível de 'Bom Dia meu amor' ele ficou estarrecido.
Medo.

Fernando começou a procurar sua camisa preta de riscas com que chegara da noite embriagantemente augustina de cigarros de filtro vermelho e bebidas estrangeiras, mas ao levantar-se após olhar embaixo da cama, viu que era com ela que Christian vestia-se ainda com lágrimas a escorrer.
Angústia.

Pierre então queimara a mão sem querer e a assadeira caiu. Num simples impulso de que não formasse uma bolha correu para a torneira sem nem ao menos olhar se a refeição do café da manhã estava inteira. A água já jorrava porque Henrique estava lá pronto para auxiliar-te no que fosse preciso.
Esquiva.

Christian não acreditava que as horas olhando para o ponteiro na madrugada e o telefone na caixa postal era por causa de uma noite boêmia. Tentava enfiar na sua cabeça de qualquer maneira que talvez o primo mais novo, enquanto Fernando banhava o avô doente, roubara a camisa e saira pela noite.
Mentira.


[...]


O casal então se abraçou. Henrique foi abraçado por Pierre que não queria que ele se afastasse.
- Não era pra você estar aqui ainda.
- Por quê?
- Porque agora não tem mais um café da manhã surpresa pra você.
- Isso não é problema algum se eu quiser te ajudar, por favor.
- Tudo bem.
- Chega mais.
Um beijo então foi consumado.
- A gente precisa conversar.
- Não, deixa tudo como está. Por mim ta tudo bem assim.
- Sim.

O casal então se abraçou Fernando foi abraçado por Christian que queria que ele se afastasse.
- Não era pra você estar aqui só agora.
- Por que?
- Porque agora eu não tenho mais como ficar com você.
- Para de fazer de tudo um problema, por favor.
- Não tem nada bem.
- Chega disso.
Um beijo então foi negado.
- A gente precisa conversar.
- Não, deixa tudo como está. Por mim ta tudo bem assim.
-Não.


[...]


O medo o tornava volátil no amor.
A angústia o afastava do amor.
A esquiva o aproximava do amor.
A mentira o solidificava no amor.


[...]


Pierre estava sentado à mesa com sua xícara a mão quando a pergunta foi flechada no elmo de Henrique.
- Você alguma vez já se frustrou por amor e ficou com medo de arriscar de novo?
- Eu nunca me frustrei por amor.
Pierre deu um gole ávido no café.
- Nunca é uma palavra que às vezes perde a noção ao ser dita.
- Eu não me preocupo com isso, porque medir as palavras nem sempre nos faz bem, não é?
- Eu sempre meço as minhas.
- Percebi ontem à noite.
- É mesmo? Quando?
- Quando encaracolava seus cachos junto aos meus.
Pierre sorriu sem graça, mas de maneira com que Henrique percebesse que ali nascia algo. Algo que talvez o fizesse medir não só as palavras, mas também os sentimentos.
- O café estava ótimo.
- Foi você que me ajudou a preparar lembra?
- Até parece. Eu lavo a louça.
- Eu seco os pratos.
- Sempre que vou à casa de alguém eu lavo a louça e dessa vez não seria diferente.
- Eu amo secar a louça, você não?
- Não muito.
- O que você me diz sobre amor hein?
- Eu já me frustrei por medo e no amor arrisquei de novo.


[...]


Christian estava em pé de costas para Fernando enquanto olhava a cidade paulistana erguida por entre as frestas da janela até que a espada foi cravada em seu peito.
- Você sabe tanto quanto eu que isso não está mais dando certo.
- Não era para ser assim.
- Eu também acho que não era, mas está sendo.
- Acabou? É isso que você está tentando me dizer?
- Por um momento não, por saber que ficaria assim.
- Mas é. Para você é o fim do dia, mesmo ele apenas começando.
- Não.
- Sai. Não quero mais você aqui.
No seu âmago Christian sabia muito bem que não era verdade as palavras proferidas. Fernando também sabia, mas nada fez.
- Eu não quero sair.
- Quer continuar a destruir a minha vida?
- A nossa vida não foi destruída.
- Chega disso, por favor. Quando quiser buscar suas coisas, você tem a chave e pode muito bem entrar. Não. Me avisa antes para que eu não o veja aqui novamente.
- Talvez haja um jeito, não tem que ser assim.
- Você sabe o quanto odeio clichês.
- Olha, eu to saindo.
- Não quero olhar.
- Não se esqueça de mim.
- Como se algum dia eu quisesse ter que fazer isso.
- Seja feliz.
- Só mais uma coisa: A nossa vida não, mas a minha sim.


[...]


A porta da casa se abre.
A janela do apartamento se fecha.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Tormenta.

Um: Começo.


Chegamos. Deparo-me com árvores, com flores e com frutos. Deparo-me também com o cinza. Um cubo cinza, com janelas e um ar de clausura. Tive uma sensação estranha, de que viveria minutos intermináveis a partir do momento em que entrasse por aquela porta de vidro. E os foram. Infindáveis.
Estava aberto a novas expectativas, até aquele momento. Não. Até o momento que a terceira porta fora destrancafiada após fechar a segunda porta, que só foi aberta depois que a primeira foi cerrada. Bem vindo ao labirinto dos teus medos internos. Ou pelo menos dos meus.
No caminho: corredores. Nos corredores: pessoas. Nas pessoas: a loucura. Na loucura: nós ali presentes. Em nós: não havia nada.
Foi-nos sugerido que as más impressões e os pré-conceitos fossem deixados do lado de fora, lá, três portas atrás, em uma distância que podiam assegurar que não atrapalhariam nosso desempenho. Desempenho? É. Estávamos ali a trabalho, não como um individuo familiar, não para fazer amizades. Estávamos ali para constatar laudos, fichas, pranchetas e casos clínicos. Para entender sobre a instituição, sobre os internos, sobre as suas vidas, tão parecidas com as nossas, a não ser por um único instante que os faz nos diferenciar ali dentro: um surto.
Talvez não fosse a única coisa que nos diferenciava naquele momento. Suas vestes precárias, muitas vezes rasgadas; A presença do cigarro incondicional, único meio que possuem de fugir dali; O cheiro nauseabundo dos remédios tarja preta, letais a sanidade de todos.
Sem contar a presença do corpo humano. Seu toque e seu cheiro, tudo que descaracteriza o biológico e torna o estudo científico, com base experimental, das funções orgânicas e dos processos vitais do ser vivo mais ameno.
Passam-se segundos em formas de minutos em formas de horas. É horrível se ver trancado em corredores, salas e quartos com aromas nada sensíveis, todavia fora deveras tranqüilo perto do soco no estômago que recebi em seguida: “Aqui é a sala de TV. É aqui que nos juntamos e vemos o que esta acontecendo no mundo lá fora.” Eu estava trancado naquelas paredes junto com todos, porém, eu posso sair. Agora surge uma questão: sair é a melhor opção?
E então se termina o dia. Dores comprimem meu coração.


(...)


Dois: Meio.


Já estou preparado. Minha carapaça de insensível a sentimentos externos foi vestida e a minha lança de força de vontade, que pode ser vista também como vontade de fazer a diferença, vem à mão. Adentro o castelo monocromático e então, vamos à batalha. Não. Hoje faremos algo diferente, seremos apenas ouvintes. Ênfase na palavra apenas, que de pouca quantia não trás nada. É o inverso.
Um deles vem. Na verdade, é induzido a vir, afinal precisa de nós aqui, ou seríamos nós que precisamos dele aqui? Dúvida que me é esclarecida assim que a questão se desvela: Precisamos dele.
Círculo.
Nervosismo.
Expectativas.
Procura da fantasia.
Resposta da realidade.
Olhos fixos nos olhos desviantes
Até que ponto um entregador de pizza, do centro de São Paulo, pode ser um advogado bem sucedido E jogador de futebol profissional - mesmo que da terceira divisão?
Pode se deixar fluir uma memória fragmentada com ares de entendimento ou intervir com pré-conceitos? Essa resposta eu sei: Sem superstição ou prevenção. Prejuízo. É conturbadora a maneira como lidamos com o inacreditável e inalcançável mundo da fantasia. É ainda mais conturbador acreditar que possa ser realidade.
Distanciamento afetivo ou presença inócua? Há de decidirmos em pequenos grupos, já que por si só, não somos mais capazes nem ao menos de organizar o fluxo contínuo das idéias.
Eu discurso sobre as idéias, não sobre os ideais. Estes são complexos, não dependem apenas do rei que sabe – ou não sabe – que a insanidade precisa tanto de quem é sóbrio como do seu tempo.
O tempo acaba com as gotas de suor escorrendo por entre as linhas da vida e do amor, do futuro e do agora, presentes na palma da minha mão.
Assim como a minha própria força de contrastar realidades e ilusões esvai-se, as marcas no corpo são ocupadas pelas vezes de expressão, pelas vezes da dor e vezes do amor. Surgem então as marcas na alma e a minha armadura desmonta.


(...)


Três: Tudo, menos o fim.


Conhece aquela sensação agradabilíssima de quando você freqüenta certo lugar por algumas vezes e tem a impressão de um segundo lar acolhedor, que sempre estará de portas abertas para você – que nunca recusará aceitar um convite para adentrar-te – cheio de afeto, carinho? Calor. Este lugar, para mim, nunca será um hospital psiquiátrico.
As nuvens caminham, escondendo o dia ensolarado e, então, o vento me ceifa. Gélido. Cinza. Habitual. Acabo de chegar ao limite da minha saúde. Não. Retomo minhas forças e percebo: Eu cresci.
No dia que estamos o fim é apenas o começo. A atividade se inicia. Colocamos-nos apostos e a vista disso eles vêm ao nosso encontro. Surgem dúvidas, sorrisos, palavras perdidas, olhares – sempre os olhares – alegres, felizes, amorosos, tristes, sórdidos, malditos, sádicos. Ao que me parece, todos precisam de atenção, inclusive eu.
Uma mão surge junto a minha e eis que vejo a pequena borboleta branca a voar, colorida e colorindo, entre tantas borboletas rubro-negras o espaço físico-mental daquele estabelecimento. Ela sabe o que faz e isso me conforta.
De um lado o calor das mãos a fazer obras na argila úmida. De outro, a inquietude de mentes a projetar insatisfações por meio do tato. Surge um vaso capaz de carregar água a todo um povo que possui sede de sabedoria. Ergue-se uma foice, em nome da justiça e impunidade. Há certo e errado? Não aqui. Em lugar algum. A mente humana é o maior campo de centeio a ser fertilizado. Muito cuidado, os corvos hão de comer caso não colha.
Até que surgem ordens a serem seguidas. Superiores. Há a abertura do mar vermelho, separação dos judeus e egípcios. Quem somos nós?


(...)


Réquiem: A despedida.


Uma lágrima ameaça formar-se, mas não posso afirmar a sua procedência. Talvez seja por conseguir entender agora uma angústia antes presente que me sufocava e que não podia expelir. Um líquido viscoso que pelas entranhas e vísceras sempre se demonstrou denso, que fazia meu abdômen se contrair como punhaladas certeiras no fígado. Até então desconhecido pelo meu âmago ou ignorado pela minha consciência. Agora, no êxtase da minha integridade de caráter, o denomino: Loucura.



*Obs: Dedicado a todos os internos do Hospital Psiquiátrico São João de Deus.

domingo, 7 de novembro de 2010

Díspares.

A angústia tem surgido cada vez mais cedo. Antes era apenas a noite, porém com o Sol radiante ela nasce. Nasce ao meu redor. Nasce dentro de mim. Não apenas com o que vejo como também com o que leio. O Solista e A Casa do Delírio são pontos de vista certeiros quando tratam não de doenças ou patologias, mas da vida.
Temos na maioria das vezes uma boa intenção em rotular, sendo o significado uma caracterização, classificação e/ou consideração por algo que acreditamos ter que diferenciar dos demais. Neste momento surge a mim uma questão: O que realmente seria necessário diferenciar? Separar entre grupos distintos, distinguir por cores, tamanhos, lugares. Diferenças. Essa é a questão.
Não obstante um litígio mais pertinente aparece: Por que diferenciar algo? Seria impossível viver com as diferenças na nossa sociedade? Não podemos conviver com pessoas díspares ao nosso redor? Por que elas precisam ser isoladas?
A diferença entre as pessoas se encontra na maneira de lidar com as outras pessoas. O relacionamento interpessoal, as relações eu-tu, conceitos de transferência e contra-transferência, todos precisam de duas pessoas. Você e o outro.
Você já se colocou no lugar do outro?
Já pensou em como você é aos olhos de outros?
Como eles te julgam?
Julgar as pessoas, ou ‘simplesmente’ taxá-las, é sempre fácil. No caso d’O Solista, os personagens Steve Lopez e Nathaniel Ayers passam por algo similar. Eles são diferentes. E iguais. Possuem problemas, talvez um pouco diferentes, porém que repercutem nas suas vidas de forma similar. As destroem e ajudam a construir. Como todos nós. A diferença está... Onde está a diferença? Na intensidade? No isolamento?
Conforme seja a intensidade dessa diferença, desse isolamento, chegamos à discriminação. Sim, discriminação. Pessoas internadas são discriminadas, afinal “cada qual em seu cada qual e o lugar do louco é no hospício.”

E o seu lugar? Onde é?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Marcas.

Às vezes de expressão.
Às vezes de dor.
Vezes de amor.

(...)

Até que ponto um entregador de pizza, pode ser advogado E jogador de futebol -mesmo que da terceira divisão? Pode se deixar fluir uma memória fragmentada com ares de entendimento ou intervir com pré-conceitos? Distanciamento afetivo ou presença inócua? Marcas no corpo. Marcas na alma.

(...)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Trechos extraviados 2.

" - Me desculpa, eu sei que você não gosta de ouvir isso, mas é a verdade mais do que indubitável. Mais do que você acredita.
- Você já pensou na hipótese de que eu acredite?
- Não porque daí não faria sentido suas ações.
- E na hipótese de eu não... aceitar?
- Eu acho que você aceita, mas não acredita.
- E acredito, mas não aceito."

(...)

" - E se aquele dia eu não tivesse te beijado?
- Eu não sei se saberia o que é o amor de verdade.
- Talvez nunca mais nos encontraríamos por ai.
- Ou talvez sim.
- Será?
- Não acredita no amor único e verdadeiro?
- Por que haveria de acreditar?
- Porque eu acredito.
- Eu não sou você."

(...)

"O melhor é deixar que o rio Lethea leve-te para bem longe de mim."

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Compras necessárias.

- Você pode me ajudar?
- Claro, posso sim. O que o senhor precisa?
- Bom, é uma lista um pouco extensa, mas me indicaram esse lugar, então espero que tenha tudo. Não gosto de andar em círculos quando procuro algo.
- Vou até o estoque e já confiro se tem tudo que precisa, tudo bem?
- Eu aguardo aqui.

(...)

- Senhor, quase tudo que consta na lista eu achei e trouxe para que veja. O carinho em essência, os filetes de saudade momentânea, carinho nº5, ciúmes com toques adocicado, beijos extra forte e abraço quente.
- O abraço você não tem do reconfortante?
- Esse daqui da loja é quente e reconfortante.
- Ótimo então.
- Vou Ficar te devendo o pote de afeto versão-excessivo. Está esgotado.
- Eu tenho o pote da versão-dedicado, só que tenho medo que acabe.
- Nossa, é um muito bom mesmo.

(...)

- Agora só precisa passar no caixa senhor.
- Muito obrigado pela atenção.
- Nós que agradecemos.
- E eu então? Não seria nada sem esses... ingredientes!
- Modéstia a parte, não mesmo senhor, afinal não é todo dia que se constroem amores perfeitos com a melhor das intenções.

domingo, 1 de agosto de 2010

Conversa.

"O céu está estrelado, você viu? É verdade, foi você quem me disse. Eu aqui fora só vejo a luz do luar e o poder das explosões intergalácticas. Se eu vi alguma estrela cadente? Não, não as vejo desde os meus nove anos e fico sem vontade de procurá-las sabendo que meu pedido não fora realizado até hoje. Qual pedido? Posso deixar de responder essa pergunta? Não, não, você não está sendo invasivo, eu é que quero distância dos sonhos. Não sei te dizer por que, mas parece que as estrelas estão cada dia menos brilhantes. sim, elas são lindas, mas isso não as torna imortais, assim como nós. Suas luzes não tem me trazido confiança. Talvez eu tenha perdido a essência de vê-las subjetivamente. Me perdoa? Eu sei que não é assim, mas também não sei de qual outra forma seria. Qual? Aquela? Eu não sei nada sobre as estrelas, mesmo porque onde eu nasci elas não aparecem nos dias bons. Não os meus, os do tempo."

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Trechos extraviados.

"E o passado traz consigo algo que apenas ele podem trazer: As reminiscências de verões perfeitos."

(...)

" - Eu acredito na sua palavra.
- Eu acredito na sua pessoa.
- Eu te agradeço.
- Eu te amo."

(...)

"Eu sei quando você chega perto de mim, sorrateiro ou não, porque sinto sua presença, sua aura mais que substancial, presente.
Meus pêlos se ouriçam atrás da nuca quando fala aquelas palavras doces, sussurando fraco no meu ouvido.
Quando toca suave a minha boca, fazendo o contorno dos meus lábios, dou suspiros, ao mesmo tempo de agonia pelo seu contato quente e o ar gélido que perpassa, como também surgem lembranças de todos os momentos felizes ao seu lado.
Seu sorriso, meio bobo e tímido, meio libertino e provocador, me dá forças, me instiga, me faz ter pensamentos e aflora a minha imaginação. É sublime, me leva as alturas e ao mesmo tempo me faz descer ao inferno.
Seu olhar é estonteante, alegre e perspicaz. Conhece o rumo das coisas, e quando não, busca nas coisas o próprio rumo. Traz a lembrança dos bons ensejos e uma melodia, um compasso, algo que me inebria: O seu amor."

terça-feira, 1 de junho de 2010

...você agora.


Antes de começar a leitura, inicie a música.



...você agora.

A música tocava. O vinho tinto me incentivava a levantar dessa cadeira a beira da mesa e ir até onde o telefone estava. Mas eu não podia. O que lhe dizer uma hora dessas? Tirei um cigarro do maço que estava no bolso do paletó. O isqueiro havia perdido, como sempre. Estiquei o braço até o armário e peguei a caixa de fósforos. Havia poucos palitos. Tudo bem, pois havia poucos cigarros também. Teria que sair mais tarde para renovar o estoque que cessara. Uma tontura vinda do vinho me consumia aos poucos, como a fumaça do cigarro que começava a velar meus olhos. Não ligava para isso. Não seria a primeira nem a última vez que ocorreriam. De onde vinha a música? Perguntei-me após certo tempo bailando pela cozinha. Sozinho. Decidi seguir o som, mas antes peguei minha taça, completei com o que restava do vinho e só percebi que o cálice estava cheio quando o toque gélido me escorria por entre os dedos e manchava a toalha com pingos leves. Acendi outro cigarro e com um trago longo me esquentei, e esfumacei-me um pouco mais, para seguir o ritmo do piano. Entre passos e goles e tragos, memórias. Memórias antigas. A casa longínqua da infância em que via o pôr-do-sol estonteante, os pés de laranja-lima da praça em que entalhava teu nome junto ao meu, naqueles dias nossos cheios de carinho, dias do teu corpo junto ao meu, dias maravilhosos como a nossa troca de olhares. Até o momento em que deixou de me olhar. A tontura aumentava enquanto não achava a fonte daquela música. Me lembro dos teus olhos cor de mel. Minha vitrola desligada. Eles eram perfeitos de tão simétricos. Os LP's todos pelo chão. Afastaram-se dos meus. Não havia nada capaz de trazer aquela música até mim. Fiquei sozinho. Nada. Traguei mais uma vez profundamente. A vertigem me consumia e não conseguia mais ficar de pé. Me encostei na parede e antes que percebesse, os estilhaços da taça pelo chão da sala atenuaram o som e notei então que o cálice não caíra e se quebrara, mas o inverso. Olhei para minha mão já gotejando como o vinho na toalha, porém o liquido mais denso já manchara minha camisa branca do trabalho, a calça escura e o sapato. Passei a mão na camisa, na calça, na parede para que se interrompesse, mas não parava. O nervoso me consumia, assim como a fúria que despendi em você aquela noite. Não conseguia me controlar. Traguei de novo. E de novo. Meus joelhos começaram a dobrar, mas me segurava. De relance vi sobre a cômoda o telefone. Estava perto de mim. Traria você para perto de mim. Um trago. Um passo. Um deslize. Alcancei o telefone, porém fui ao chão. Trouxe comigo o porta-retrato, o molho de chaves. Deitado no carpete marcado pela mistura escarlate dessa noite liguei para você. Mas uma loucura momentânea tomou conta de mim. Não tomei o último gole do vinho. Não traguei de novo. Não consegui mais manter os olhos abertos. E ao fundo ouvia você dizer ao telefone: -Eu estava pensando em você agora.

Marcos Antonio.

(*obs: Escrito após ouvir a melodia "La Valse d'Amélie (Version Orchestre)" do Yann Tiersen, cedida por CARLO LANZETTA do http://l-evitar.blogspot.com/)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Vícios e Virtudes.


"O cigarro desce seco pelas entranhas deixando tudo por dentro esfumaçado. a dor e as lembranças ficam veladas até que o trago se esvai e as lágrimas surgem." Marcos Antonio.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

sábado, 6 de março de 2010

New.


Olá.

Hoje dia 6 de Março de 2010, praticamente chegando ao fim do primeiro trimestre, resolvi tomar uma das decisões mais drásticas da minha vida: Reformulei o BLOG. Foi complicado, do mesmo jeito que tem sido muitas coisas, mas já estava na hora, afinal 2 anos com a mesma cara não leva ninguém a lugar algum.
Porém essa não é a única mudança. Decidi escrever um pouco mais além do que 'análises e afins psicológicos', vou colocar um pouco mais de humanidade e sentimentos MEUS aqui.
Bom, espero que não seja por isso, que você deixe de me visitar, pois agora com mais frequência será atualisado.

Hoje gostaria apenas de dizer-te o que eu sinto. Gostaria que me pudesse dizer o que sinto. Eu sei, mas não queo assumir. Pronto. Assim fica melhor a todos. Ou apenas a ti. Algo me agride. Me definha. Me deixa coma impressão de impotência. Com a impressão de que aos poucos perco para outro o lugar antes tão bem estimado por mim.

Que as horas passem e me façam esquecer novamente essas idéias esquizofrênicas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Reflexão de cena do filme A Liberdade é Azul 02/02


Olá pacientes-leitores, tudo bom com vocês?
Espero que estejam. Hoje é a 'publicação' da segunda parte minha reflexão Fenomenológica me baseando, principalmente no conteúdo lecionado na PUC e em textos do Rollo May -de quem eu sou um grande fã! Vamos ao que interessa.
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2ª Cena escolhida. O momento que Julie Vignon encontra em sua nova moradia uma proliferação de ratos e não consegue agir diante deles, a não ser pedir a um de seus vizinhos um gato emprestado para exterminá-los.

No momento em que se encontra em seu novo apartamento, após chegar de compras, ela abre a porta da dispensa e se depara com uma ninhada de ratos. Sua reação é como de qualquer outra pessoa, mas podemos perceber sua reação seguinte que altera o limiar das ações. Nesse momento ela se encontra com uma imagem de família. Uma imagem que não pertence mais ao mundo dela. Uma relação inexistente, ou que ela pensa ser inexistente a partir do momento em que foi a única sobrevivente do acidente que esvaiu com sua concepção e ideal de família.

Ela acredita estar no mundo, mas sem apego aos seus bens, conhecidos, sem nada. Sem significados. Sem manter relações. Sem um Mitwelt desenvolvido, a partir da concepção de que o Mitwelt é o mundo compartilhado em que se mostram as possibilidades das suas relações.

Pela transparência do seu ser e suas ações, vemos que no âmago de Julie Vignon há a presença da culpa e da vivência de uma angústia real. Ela convive com a ninhada de ratos por algumas noites, sem conseguir dormir direito e se desligar dessa relação, sem conseguir não pensar e resgatar suas lembranças de família. Essa ameaça antológica da existência permeia-a como um assunto inacabado, como algo em que há uma necessidade de viver, de ser, ao mesmo tempo em que o não-ser é a melhor das escolhas. Uma iminência presente no seu cotidiano.

Em uma apreciação geral, podemos dizer que ela não foi capaz de dizer adeus a sua família, não finalizou sua relação com seus familiares de uma maneira saudável para si, não completou o ciclo e então, se mostra ainda dependente daquela vivência inacabada. A persistência dessa relação cria uma dor, uma culpa, através da repetição do ocorrido e é por isso que não consegue exterminar os ratos com a vassoura e necessita do gato. Ela sente--se impotente diante da ação e ao colocar o gato dentro da dispensa com os ratos, tem esperança que solucionará esse ‘problema’, que na verdade não passa de sua relação familiar incompleta.



Espero que tenham gostado das duas reflexões e fico aberto a sugestões, como sempre obviamente, e gostaria também que as pessoas que lessem deixassem um comentário não só sobre o texto, mas com alguma proposta para o próximo post, que tal? O blog é feito não por mim apenas, pois sem vocês, não haveria motivo para ele existir.

Obrigado pela leitura e até a próxima consulta.

Mah.luco






segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Reflexão de cena do filme A Liberdade é Azul 01/02


Uma breve explicação.
Devido a uma vida agitada, correria com a faculdade, vida social e afins, não pude mais publicar durante certo tempo, mesmo tendo prometido aos meus fiéis leitores-pacientes. Peço humildes desculpas e espero retornar o mais rápido possível com a rotina do nosso consultório.

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O Post de hoje é um pedaço de um trabalho muito bem sucedido realizado na matéria de Psicologia Fenomenológica, na qual pretendo me aprofundar melhor futuramente.

A cena escolhida para trabalhar foi:

Após o acidente que mata sua família, Julie Vignon é internada em um hospital e tenta se matar tomando remédios.

Sem nem ao menos saber o que aconteceu, Julie Vignon acorda num leito de hospital, com a notícia de que sua família faleceu no acidente, e nesse momento sua reação de perda é incontrolável.

Podemos montar um paralelo com dois versos do poema Ausência de Carlos Drummond de Andrade, em que analisamos a falta que a família pode lhe fazer. Ela fica desnorteada por estar sozinha, e então essa ausência é a falta que sente da sua família, presente nela pela perda de suas relações.

Ausência.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade



Dando seqüência a isso, ela traça um plano, com o único intuito, de não mais ser. Quebra uma vidraça no corredor para que a enfermeira saia da sala onde são armazenados os remédios e então entra, pega um pote cheio deles e coloca-os na boca, sem nem ao menos duvidar.

Até o momento não há duvida que o deixar-de-ser é seu maior intuito, pela falta de relações que se sobrepõem.

Nessa hora, após permanecer com os remédios na boca por algum tempo, cospe-os. Diante dela pelo lado exterior do vidro do ambulatório, a enfermeira aparece e se entreolham, criando uma relação. Relação de piedade e culpa respectivamente. Elas vão em direção uma a outra e Julie Vignon admite que quebrou a janela, pede perdão e diz, principalmente para si mesma: “Não posso. Não consigo.”. Se sente culpada, e sabe que foi isso que ocasionou a busca pelo não-ser.

A enfermeira mostrasse normal com a ação. Com se já tivesse passado por algo similar, mesmo sabendo que ao fazer algo mais de uma vez, não torna aquilo a mesma coisa, pois se trata de tempos diferentes.

Podemos ver que suas relações de Unwelt, Mitwelt e Eigenwelt estão presentes, em alterações à maior predominância em Julie. O Unwelt auxilia na busca dos remédios, pois o instinto de estar só e o impulso da sobrevivência lhe afetam negativamente. O Mitwelt já lhe mostra que suas relações e compartilhamento do mundo se esvaíram, e ao mesmo tempo, já recriam uma nova relação, com a enfermeira. O Eigenwelt lhe ajuda a compreender que a sua existência ainda é, mesmo sem aquelas relações que se ‘extinguiram’, pois ela pode continuar sendo, com a capacidade de autoconsciência do ser humano.


Espero que tenham gostado. Peço novamente desculpas pela interrupção e espero que não mais aconteça.
Tenham uma ótima semana e deixem seu comentário se possível.

Mah.luco

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Se você acredita, é real.


Boas vindas a você aqui presente. Nesse mês de Fevereiro, não de costume, temos um outro texto que não é do autor do blog, mas de uma pessoa que já o ajudou muito a refletir durante madrugadas a fio sobre assuntos aqui registrados.

Sem muita enrrolação, vamos ao que interessa, não é? O texto de hoje nos tras a reflexão da verdade e do real. Há como conviverem em harmonia mesmo sendo algumas vezes distintos? Para comentários tanto do texto como também para algo relacionado com ele, basta entrar nos comentários e deixar a sua opinião. Conto com a participação de todos e as informações da autora estarão lá presentes.

Boa leitura e prometo que o próximo post será meu, àqueles que pedem, ok?

Mah.luco.


Por que, quando nós crescemos, quase tudo em que acreditavamos torna-se uma grande mentira?

Esses dias eu estava lembrando da filha da minha prima em uma páscoa há alguns anos atrás. Ela tinha, no máximo, 7 anos na época. A mãe dela acordou mais cedo naquele dia para fazer marcas d patinhas de coelho, desde a cama dela até onde havia colocado uma linda cesta de páscoa, cheia de doces. Quando ela acordou os olhos brilharam, como se aquele fosse o momento mais maravilhoso da vida dela!

Então eu fiquei pensando... Naquele momento o "coelhinho da páscoa" era a coisa mais real do mundo para aquela criança. Por que, depois de algum tempo, quando alguém a disse que ele não existia, ela aceitou tão facilmente?


"Prefiro acreditar no mundo do meu jeito." [Renato Russo]


Papai Noel, coelhinho da páscoa, fada dos dentes, amigos imáginarios. A nossa vida era tão boa quando acreditavamos de verdade que eles existiam, não é mesmo? Então por que eles viraram uma mentira, desse jeito? Uma coisa real o suficiente para nos fazer sentir felicidade, nem que seja por um momento, não deveria ser considerada mentira. Na verdade, acho que elas sejam mais reais do que muitas "besteiras" que nos dizem por ai. Esse é o tipo de coisa inocente que o nosso próprio coração tornou real. Você conhece algo mais verdadeiro do que isso?


"É necessário acreditar em alguma coisa que possa acalmar o absurdo da vida." [Raul Seixas]


Se, do fundo do meu coração, eu acreditar de fato que o "Papai Noel" existe, tenho certeza que ele será real, e nada nem ninguém vai me convencer do contrário. Isso me deixará alegre e cheia de esperanças. Eu estarei me sentindo melhor do que essa pessoa que me disse que é mentira, então por que eu devo acreditar nela?Eu não estou querendo dizer que devemos fechar os olhos ao mundo e nos trancarmos em uma bolha de sonhos.

Todos devem ter em mente que algumas ilusões inocentes são boas para o nosso coração, mas o mundo também nos dá muita experiência para que possamos enxergar a realidade. Isso deve ser apenas um complemento nas nossas vidas, assim seremos mais felizes.


"Aquilo que vemos, depende basicamente do que procuramos ver." [John Lubbock]


É claro que o que vemos todos os dias nos faz amadurecer, mas quando acreditamos em algo tão sinceramente a ponto de torná-lo real, isso existe para nós e ponto final. A vida seria tão mais fácil se as pessoas prestassem atenção em que suas esperanças infantis mostram.

domingo, 11 de janeiro de 2009

"Alguns minutos de..."


Olá para todos os visitantes. Hoje é o primeiro post de 2009 e tenho como surpresa um post que pedi para fazerem, para mudar um pouco. começar com ares novos esse ano novo. Sem muitas interpretações além do que está escrito, por plena concordância, espero que gostem e já agradeço a visita de todos e espero depois que possam comentá-lo para que possamos ter uma nova troca de informações, ok? Obrigado pela visita e bom desfrute do texto. Mah.luco


"Vocês não ouvem os assustadores gritos ao nosso redor que habitualmente chamamos de silêncio?" [abertura do filme O Enigma de Kaspar Hauser]

Outro dia recebi um email que dizia que não existe frio, apenas "ausência de calor"; que não existe escuridão, apenas "ausência de luz"; e mais, que não existe mal, apenas "falta o bem"...então, o silêncio?! Será que existe?!

Com tempo podemos perceber que o silêncio não é só o famigerado "shiiiuuu" que a professora faz...que talvez ele seja mais necessário e complexo do que isso.

No ritmo frenético em que vivemos, um simples fechar de janelas pode trazer o silêncio que procuramos. Um fone de ouvido também, outra barreira contra a alucinação do mundo exterior.
Mas, enfim, o que é o silêncio?! É claro que eu não estou apta a responder essa pergunta e
agradar a todos...espero pelo menos ajudar.

Considero o silêncio como um "mal necessário". Sim, exatamente isso. Nada melhor do que chegar em casa, cansado, e poder sentar no sofá, relaxar, esfriar a cabeça, tomar um banho. Depois, refletir sobre o dia que passou, pensar no próximo. Ler um livro, uma revista, numa atmosfera de calmaria perfeita pra que haja a total absorção da leitura. Mas, somos frenéticos.Se sozinhos em casa, logo que se chega, quer-se espantar o silêncio. Televisão, rádio, músicas, notícias, desgraças. Quebramos o que poderia vir a ser revigorante com uma avalanche irrefreável. Isso porque muitas vezes confundimos o silêncio com solidão, com o estar sozinho não por nossa vontade.

Uns dos clichês que mais se ouve quando o assunto é esse, é: "pode-se estar sozinho, mesmo rodeado de gente". Sim, pode-se. Do mesmo jeito que pode-se estar em silêncio em uma confusão. Cheguei à conclusão que não é o externo que está ou deixa de estar em silêncio. Pra mim, o silêncio é interno. O que te acalma, é o que traz pra você o silêncio necessário.

O silêncio de uma música, capaz de desligar do vai-e-vem de carros e de gente em plena Avenida Paulista; o abraço forte de alguém de quem se tem saudades às seis da tarde na Estação Sé; uma oração em meio à multidão...o que é capaz de te deixar absorto, mesmo que por alguns segundos, é silêncio. Voluntário e possível.

"O senhor sabe o que é o silêncio? É a gente mesmo, demais." [Guimaraes Rosa]

O silêncio que vem da solidão também é necessário. Um tempo para nós mesmos, pra recordar, planejar, lamentar, corrigir...enfim, para que ouçemos nossa própria voz e nossas vontades. Falta-nos tempo pra considerar o que realmente importa e, no silêncio, podemos achar o que nos falta.

Pode parecer um pouco "dark" defender a importância do silêncio, mas antes de qualquer coisa, experimente! Nem que seja ficar quieto para pensar em alguém, nem que seja fechar o livro enquanto se está no onibus...silencie. Viva.

Bom, como vocês já viram, hoje o doutor abriu espaço pra uma paciente assídua e que é muitoo ajudada por ele...quem sabe ele não resolve analisar esse post e dar a vocês a versão que a psicologia dá ao silêncio?!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Mudanças apenas às coisas ruins...


Acho que é meu dever vir aqui hoje, nem mais cedo nem mais tarde, para desejar a todos os que acompanharam essa pequena odisséia nesse ano de 2008. Antes de mais nada, como agradecimentos, quero colocar o tema do post. Trata-se de uma receita. Não daquelas escritas em livros de culinária e realizada por nosssas avós e familiares nas nossas férias (que saudade dos bolinhos de chuva da minha avó), mas sim uma receita mais usual dessa época:


“RECEITA DE ANO NOVO

(Carlos Drummond de Andrade)
Para você ganhar belíssimo Ano Novo...

Não precisa fazer lista
de boas intenções para arquivá-las
na Gaveta.

Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto

da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens

e as nações, liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,

Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Um maravilhoso Ano Novo para você !”


Achei que cabia muito bem para uma reflexão simples sobre o que nós podemos e o que devemos fazer nesse/para o Ano Novo.
As relações das promessas vis e a claridade das situações nos foram passadas por outros posts, mas o que me alegrou ao lê-lo, foi o começo: As listas de gavetas. Se tiver quem acompanha desde o inicio, o primeiro post falou sobre isso.
O que fazer, deixar de fazer e as promessas do que fazer. Grandes questões com diferentes respostas, por mais parecidas que sejam, tanto as perguntas quanto as respostas.
Devemos sempre viver o dia de hoje, hoje, na hora que se olha no relógio, e não começar o dia já premeditando o que fazer durante o período de almoço, fim de tarde e madrugada a fora.

Agora, quero agradecer quatro “pontos importantes” entre tantos outros que me ocorreram no ano de 2008, Quero que saibam que “a ordem dos tratores não altera o viaduto” ok?

~> O pessoal todo da PUC, principalmente da C1-2, que me ajudaram in ou diretamente em tudo o que precisei/realizei nesse ano de 2008 e no mínimo nos próximos quatro, não é? Que esse ano que se inicia seja maravilhoso a todos vocês.

~> O grupo Patinhas e filiações, contando formação original, agregados e a todos esses que fazem do meu final de semana e eventos, momentos de alegria e diversão extremas. Que em 2009 Sejamos ainda mais e mais TUDO possível.

~> Ao Raphael, meu amigo. Meu irmão. Que nesse Novo Ano você seja muito mais feliz rapaz, sem muitas preocupações e problemas, dos pequenos aos grandes, para que possa extrair de todos os momentos tudo de bom que eles possam te oferecer. Ta no coração pra sempre.

~> Àquela que sempre e sempre está ao meu lado, seja brigando comigo ou tirando fotos de mãos dadas. Saiba o quanto sou agradecido por viver em minha vida. Fazendo parte da minha vida. Te Amo Lívia. Por todo sempre.

A todos uma ótima entrada de ano e muitos outros momentos maravilhosos no decorrer dele.
Espero que mantenham as visitas e agendamentos de consulta. Aqui. No NOSSO consultório, porque sem vocês... Ele não existiria.

Abraços a todos e um ótimo Ano Novo.

Mah.luco.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Esperanças mais do que indubitáveis...


Por um breve momento, antes de começar esse post, pensei em dizer-lhes da minha aposentadoria. Mas não. Não quero parar. Não agora. Ainda há esperança na minha vida. E é sobre ela que falarei hoje.

Força que subestimamos desde que nos conhecemos como gente, a esperança trás consigo uma arca como a de Pandora, só que sem os malefícios para toda uma humanidade. Talvez se os trouxesse, cada homem pensaria mais de uma vez em seus pedidos e desejos.

Reconhecida também como expectativa, perspectiva e até mesmo voto de desespero, a esperança carrega um grande fardo contigo: o da satisfação. Sim.

Não creio eu que utilizei mal a palavra. Digo satisfação pela simples idéia de que tudo que almejamos, queremos possuir, mesmo que não em nossas próprias mãos “individuais” e sim coletivas.

Dizer que ela é a ultima que morre faz certo sentido, mas quando envolvida com outros sentimentos como o amor, creio que desfalece antes do fim. Nada dura mais do que o amor. Há quem diga que se tem amor há esperança, mas se há esperança não exatamente deve existir amor. Renego quem diz isso. Pois se você acredita em algo, coloca o seu amor nele, mesmo que indiretamente. Inconscientemente.

Gosto muito de usar a metáfora da vela, que acendemos para que a esperança não se esvaia, para que possamos ter algo que nos prenda, de maneira não pejorativa, a alguma coisa que nos comove, que nos gera confiança, mudança. Transformação.

Procurar pontos de esperança é uma ação tipicamente humana que remete a necessidade de algo mais para viver além de si próprio. Não adianta só existir.
Seja através de uma troca de olhares, de uma boa nota em uma prova, uma cura para alguma doença ou o fim de uma guerra. Tem que ter esperança.

Que a sua esperança seja em algo bom e confiável para que não lhe ocorra nada desagradável, principalmente nesse fim de ano, onde as esperanças de um novo começo são de maneira concreta, indubitáveis.

Desejo-te leitor, um maravilhoso final de ano, cheio de concretizações e atos vangloriosos e no inicio de outro ano estupendo, muitas alegrias e novas metas almejadas.

Agradeço a visita mais do que nunca e não se esqueça que antes que a vela se apague, ainda há esperança.

Até a próxima consulta.

Mah.luco

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Facetas divergentes


Em um momento de reflexão, entrei em contradição comigo mesmo buscando saber se há em mim mais de um eu, se em cada ser humano há mais de uma face para viver nesse mundo agonizante.

Não somente para viver, mas diria que para sobreviver. Cheguei a conclusão que existe sim.

Muitos de nós seres humanos acreditam ser somente um "de forma transparente" ou então se referirem como "um livro aberto", mas não creio que essas sejam as melhores formas de se dizer que são apenas um, ou então de que tudo que passa pela sua mente lhe é transmitida pra fora, porque isso também não é verdade.

Por mais que não aceitemos, inconscientemente, nós selecionamos aquilo que dizemos.

Só que o que nós dizemos depende muito daquilo que sentimos e que temos a essas palavras nada mais são do que uma parte do que sentimos.

"Como explicar que podemos existir inúmeras vezes, se não for da divisão de um corpo para inúmeras maneiras de ser?"

Ser apreensivo, ser sorridente, ser sarcástico ou ser amável não torna uma pessoa "duas caras" ou inconstante, só transmite a certeza que temos distinções dentro de nós.Todas essas facetas, juntas porém não no mesmo instante, é que nos fazem nós mesmos.

Isso não significa que você tenha múltipla personalidade, mas que você é capaz de possuir/repassar os sentimentos que sente e que lhe pertencem.

Concluirei com uma frase que faz sentido para esse post:

"Seja um. Seja todos. Seja você. Não tenha medo disso, pois se tiver, deixará de ser você."



Obrigado pela compreensão de todos os meus "pacientes" pelo grande intervalo dos posts e principalmente pelo tamanho deste, mas é que por causa do grande tempo que a faculdade exerce/suga fica difícil de postar cada dia mais, porém me prometi que esse blog não seria abandonado e cumprirei essa promessa.


Até uma proxima consulta e não deixe de agendar a sua...


Um grande abraço a todos.


Mah.luco

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Explicações...


Depois de tanto tempo analisando e reconfigurando algumas informações, resolvi finalisar esse ciclo e iniciar um outro, mas antes disso estou devendo explicações. Nesse período "cronístico" do meu blog, tentei, mesmo que por esses textos propor idéias que já estavam contidas no contexto.Mas como alguns amigos mesmodisseram, tinha muito "de mim" nessas crônicas, mesmo sendo puramente fictícias. Farei agora uma breve "análise"dessas três crônicas e um ponto muito relevante são os trechos em destaque.

Na primeira crônica criei a intenção de uma pessoa com a auto estima abalada, mas que a qualquer custa tenta se redimir dos problemas e buscar um bem maior, não só para sí, mas a todos que o certa. Como também deixei em aberto, essa pessoa passa por momentos ruins, aonde ficou "impotente" diante do ocorrido, todavia não quis deixar que isso o abalasse, o que seria o mais normal para uma pessoa que não vê expectativas. Ela é diferente. Ela não quer deixar que aconteça. Não quer que acabe. E aí está a chave da crônica. Algumas pessoas pensam apenas que o que lhes acontece está bem, entretanto não é bem assim que deveria acontecer. Não tínhamos que nos deixar levar e sim levar a situação conosco.

Na segunda crônica temos um lance diferente. Trata-se de um casamento mal sucedido que realmente não deveria acontecer. Por quê? Porque juntos não seriam felizes. E isso fica claro, principalmente não pela maneira como ele lida com a situação, mas com a resposta dela. A sinceridade é algo inestimável numa relação. Sem casar então a personagem sai sozinha e sem rumo em busca apenas de pensamentos, como acretio eu muitos de nós também faz, ou mesmo não fazendo, realizamos esse desejo pela mente. Outro aspecto inserido é da mudança. A "rotina rotineira" sempre nos cansa e por isso temos que mudar. Não só mudanças drásticas, mas as singelas também nos fazem enxergar coisas bem diferentes do que o que normalmente vemos. Uma vez li uma crônica que dizia para começo de conversa apenas para mudarmos de calçada para ver o mundo de outra maneira. Foi, talvez, uma inspiração pra essa.

Emendando o finalzinho da segunda com o início da terceira e última crônica, tentei puxar o assunto para um lado mais "pesaroso", mais individual. A relação de você acreditar que faz a diferença num mundo com bilhões de pessoas é mprescindível, porque ser apenas mais um, é pedir para não mais ser. No momento que o jovem, diz que não precisa contar a verdade, ele se remete a sociedade, mas não a nossa sociedade e sim a dele, sendo a familia dele. O meio onde ele vive. Nesse texto, eu retratei também um caso cliníco, talvez meio que sub-entendido, de esquizofrenia e talvez isso retrate umm pouco o porque desse mundo passar tão desapercebido por ele. Por deixar de acreditar em sí e nos outros. Não é preciso apenas pegar casos de esquizofrenia ou clinicos para percebermos isso. Retrata também a maneira como deixamos de lado o que não nos interessa, no sentido de não ser perceptível quando não queremos ver. Isso o atormenta, até o ponto de "uma vozinha", que até mesmo uma pessoa sã tem [chamada inconsciente], lhe diz para sair desse mundo pois não é isso realmente que ele quer viver. Que ele quer pra ele, mas não deva se entregar assim tão fácil. Ele sempre quer te derrubar, porque lá estão todos os seus pensamentos reprimidos.

E depois de tooooooooooooda essa descrição acho que chega né?

Respondendo uma pergunta, feita por mais de uma pessoa, não, eu não tentei me matar, mas digamos que não fiz isso por estar no lugar certo, com as pessoas certas e no momento certo. Sim... há muito de mim nas minhas crônicas.

A todos aqueles da PUC que realmente têm me dado um apoio master, um muuuito obrigado e o agradecimento é só de vocês.

Espero que tenham gostado desse ciclo e gostaria de inovar um pouco[ mais] nesse novo que começará. Quero pegar alguns textos de amigos, independente de quem é, e postar aqui. De preferência algo relativo ao blog, mas se não for... farei uma analise puxando pra cá. Que tal? Gostaria de opiniões, pois não escrevo só pra mim e na verdade, nem um pouco pra mim.

Abraços a todos e não se esqueçam de marcar a próxima consulta...


Mah.luco

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Crônica 02 de 02 - Último suspiro

Concluindo a saga de crônicas que estavam pertinentes aqui na cachola, essa segunda parte se trata do ponto de vista do escritor da Carta da Piedade. Complemento o resto das coisas que tenho de dizer ao fim da crônica. Boa leitura.


"Do alto de um prédio filosófo de maneira inconsciente. Está escuro, mas as estrelas no céu resplandecem e a brisa gélida perpassa pelo meu corpo. O que mudaria na vida dos outros a minha morte?

"No que acarretaria essa diferença?"

Dou um passo a frente e fico agora a uns 5 passos da borda da calha.Encontro um horizonte belo e distinto do que normalmente vejo lá de baixo. Daqui, não consigover as pessoas or completo, quiçá ver seus rostos. Agradeço, porque assim, não preciso lhes olhar nos olhos.

"Não preciso lhes dizer a verdade."

A verdade me é inconveniente? Sim. Não fui honesto comigo mesmo e nem com os outros. Mas principalmente comigo. Não quis me ouvir, preferi que a sociedade me comandasse à ser denominado de louco por ela.

Dou mais um passo e, com ele, muito se passa, como meus pensamentos de "desentendimento" da minha família não entendendooque farei; com meus amigos, sinceros e poucos, e suas lágrimas de compaixão; Com aquele amor que não correspondi.

"Talvez não me entendam, mas sei o que estou fazendo."

Por que em muitas vezes acreditamos que a vida não é justa? Será mesmo que muitas dessas pessoas de boa e má indoles têm o que merecem, ou não temos como pré-definir isso?
Levanto as mãos ao céu, assim que começa a garoar. A garoa engrossa, tornando-se em uma chuva forte. Tempestade. Dilúvio.

Minhas roupas já encharcadas pesam o dobro de seu peso normal, meu cabelo assenta como durante o banho e coma maior força possível, lutando com a atenção dos raios e trovões, grito para que lá de cima minha voz seja ouvida.

-Deus! Por que não consigo valorizar a minha vida? Por que a dos outros faz com que sinta inveja ou tenha ciúmes?

Pensei que ouviria um trovão, como aqueles clichês de filme onde a pessoa pede redenção pelos seus pecados. O silêncio permanece,a não ser pelo barulho da chuva no telhado. Pensei talvez que seja porque não estou me redimindo e e também porque Deus não se comunicaria através daquele barulho amedrontador.

A chuva diminui, mas não cessa. Já faz quase uma hora que estou aqui com meus pensamentose com a voz que me persegue. Dia e/ou noite, não importando o clima, a estação do ano o horário ou o que esteja fazendo, ela está no meu encalço. Dizendo sempre que a minha vida não prestae que não entende porque ainda tenho fé em Deus, ela não desaparece.

Por todo esse ano que me tranquei no quarto, por ela me contar que me seguem, minha vida mudou. Antes não acreditava, mas ela se diz capaz de ler mentes e a todos que eu olho,e que me olham; Percebo, como ela diz, seus olharesperversos e que me seguem aonde vá. Creio que estão armando algo maior do que a sociedade é capaz de me fazer acreditar.

"Isso me atormenta e sei que corro perigo de deixar de acreditar em mim.Na verdade, já deixei."

À algum tempo nada mais faz sentido e não vejo outra saída a não ser essa daqui de cima. A voz me atiça a pular, mas não sei realmente se quero realizar essa proeza.
Ela me provoca das piores maneiras possíveis, dizendo ser covarde. Faz escárnios e diz duvidar que seja capaz de pular. Provo a ela, que não duvide de mim, porque sempre fui um homem de palavra, assim como meu pai.

Corro. Salto. E o vento me abraça, antes mesmo de ter a imagem de meus pais fora de meus pensamentos."


Então gente... Esse foi o último suspiro de cronista dos meus pensamentos e acredito demorarem a voltar. Peço desculpas por ter nessas últimas semanas mudado o foco deste blog, mas essas crônicas também levam a uma reflexão que apartir de já começarei a preparar. Nosso próximo encontro, terá uma mescla de todos para um entendimento desse apanhado de idéias e viajens interiores.


Obrigado pela e marque a sua próxima consulta...
Abraços.


Mah.luco

domingo, 7 de setembro de 2008

Crônica 01 de 02 - Carta de Piedade

Nessa ultima crônica a ser postada nesse blog ( na verdade divida em duas partes, sendo esta a primeira - uma carta- e a segunda - um ponto de vista diferente - à vir durante a semana, espero) encerro mais um ciclo da minha vida e após a segunda parte, farei uma reflexão, que já comecei a escrever, sobre elas todas, tendo em foco algo presente em todas. Não sei se irão gostar muito mas foi feita com carinho e em um momento conturbado.


"Aos meus familiares

Provavelmente será você mãe, ou você pai, que encontrará essa carta.
Sem muitas palavras de inspiração, ainda mais por não ser um cartão de Natal gostaria de agradecer todo o tempo que à mim dedicaram para que fosse uma pessoa de boa índole e que fizesse apenas aquilo que "as regras estipulam-nosa fazer".
Não preciso mentir para vocês, mas também não preciso dizer-lhes a verdade, que me fez tomar essa atitude, porque não acreditariam, só quero que saibamque nunca erraram comigo.
Avida pareceu me pregar uma peça, mas consegui achar uma saída.
Todavia seja visto como covarde, todavia não sei se qualquer um que não seja "covarde" teria a mesma coragem que tive à tomar essa decisão.Talvez não me entendam, mas sei o que estou fazendo e não tenho medo das consequências e espero nunca provocá-los a ira ou o desespero pela minha atitude e também, para que não possa atrapalhar a vida de mais ninguém.
Espero que seja um lugar melhor. Onde não me encham a cabeça.
Se algo for feito em minha lembrança, não exijo nada e que isso esteja claro, que seja para os amigos mais próximos e familiares somente.
E que seja ao céu aberto, pois sabem que desde criança a alegria que o vento me proporciona.

Amarei sempre vocês. Adeus.
Seu flho amado."



Gostaria de dizer, que não se refere a nenhuma pessoa conhecida e que estou bem, muito obrigado.

Também gostaria de deixar uma dedicatória a uma pessoa muito especial que teve uma perda muito grande recentemente e que a mim também chocou:
"Saiba que como já lhe disse antes, estarei aqui como amigo para todo o momento que precisar e não só na hora de sorrir. te adoro muito e sei do fundo do meu coração que algo bom foi lhe reservado, porque não era justo que isso ocorresse."

Obrigado pela visita e não perca as próximas consultas...

Mah.luco

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Crônica- Dia D

Idéia meio mórbida, mas afluente na cabeça.

"Na hora do “sim”, ela me disse “não”. Disse também que não daria certo e que até agora não sabia como chegamos até ali. Fiquei parado, sem reação, enquanto ela saia com o véu arrastando pelo chão, levantando a borda do vestido para andar mais depressa. Eu, de costas para a entrada, não a vi saindo e uma lágrima, não sei se de raiva, remorso ou realmente tristeza me escorria pela face. Ainda bem que não havia muita gente, a não ser eu, ela, o padre e um casal de amigos que serviram de testemunhas, para não passar por uma cena dessas.

"Eram 16 horas de uma terça-feira nublada."

Meus amigos tentaram me reconfortar, mas parecia que me diziam “meus pêsames, nós também gostávamos muito dela.” Mesmo ela não tendo morrido. Resolvi então, deixar a chave do meu carro com eles e dar uma volta a pé pelo bairro. Não tinha pressa para chegar a casa e encontrar lá coisas “nossas”. Voltei e peguei a chave do carro, pois assim poderia ir mais longe, não só com os meus pensamentos.

Não sei como, mas cheguei à Avenida Ibirapuera sem nem ao menos procurar o caminho. Entrei no parque com a impressão de que a Claudia estava morta. Mas há quanto tempo?

"Há quanto tempo ela havia morrido dentro de mim?"

Andando ao redor do grande lago, de terno cinza chumbo, camisa branca e um mocacim preto, não quis flor na capela porque achava ultrapassado, ao invés dela que queria que eu usasse, parei. Peguei o celular no bolso e já lembrava que há algum tempo não ligava a ela para dizer que a amava, para buscá-la no serviço ou para jantarmos juntos à luz de vela naquele restaurante que gostava.

Não sabia mais se a amava realmente. Na verdade, estava tentando me enganar, pois não a amava mais. Perguntei-me se alguma vez já a amei. Ao me indagar com essa questão retórica, retórica sim, porque não queria que houvesse resposta, já era fim de tarde e o crepúsculo se iniciava.

"Percebi que o passado não faria mais diferença e então resolvi mudar para o futuro."

A primeira atitude, talvez meio infantil, foi jogar o celular fora. Em algum momento desses deve estar no fundo do lago ou então em um ninho de ganso. Cheguei a casa e foi praticamente o “dia da faxina”, tudo que me lembrava ela eu resolvi me desfazer, mesmo não me sentindo mal, nem em ficar com aquilo, nem em jogar fora. Na verdade estava feliz. De verdade.

"Precisava mudar. Mudar sempre é bom."

Trouxe-me novas aventuras e opções, devaneios e ansiedades. E então eu descobri que aquela lágrima não era de raiva, remorso ou tristeza. Era uma lágrima de alegria.

"Pois precisava de um espaço. Um espaço para mim. Um espaço para ser feliz.""

*Obs: Crônica escrita apenas por montagem de cenas de devaneios e clichês.
*Obs dois: Não ocorreu comigo e está bem longe de ocorrer (quiçá não ocorra): Bruh. Te amo meu anjo.

Obrigado pela visita... Gostou? Então agende o seu horário dando um clique nos comentários, deixando seu nome e hora escolhida. ;)

Mah.luco

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Crônica - Banco de pensamentos


Muitas idéias. Um papel e uma caneta.



"Sentado sozinho num banco de praça abaixo de uma grande árvore de copa esverdeada, refletia sobre a invulnerabilidade humana. Como o Super-Homem poderia realmente existir se não podemos ter poderes como voar ou ter visão de raios-X, já que é isso que o torna ‘invulnerável’ – tirando a Kriptonita-?

Talvez não sejam essas capacidades que deveríamos desenvolver para agüentarmos dores mil, tanto nossas quanto dos outros, ataques de choro por sabermos de atrocidades, ou então, de condições subumanas.

"Precisamos ser fortes. Precisamos acreditar."

Eu sei que não sou o único desacreditado com o mundo que vivemos, todavia sei também, mais uma vez, que não sou o único que não me dedico ativamente a mudá-lo. Força de vontade existe, e muita, mas a “imprudência” de não saber o que fazer é maior.

"Já sentiu a sensação de impotência?"

Aquela que não deixa sentirmos o chão que pisamos, o ar que respiramos, que paralisa-nos por dentro e retira tudo da nossa mente fazendo por fração de segundos, ou até mesmo segundos, não lembrarmos quem somos? É pior, em minha opinião, e que isso fique claro, do que o próprio sentimento de perda.

Em certos momentos da minha vida, encontrei os 2 sentimentos num mesmo local e tive uma vontade quase que paranóica, por um breve período, de deixar de ser, mas a vontade de fazer algo melhor, por e para alguém, e também a re-significação daquilo para mim prevaleceu e me deu forças para continuar. Para pensar.

"Para pensar que a felicidade sempre volta a surgir e que fazer o bem gera um bem ainda maior."

Mesmo a vida sendo feita de retalhos, nós podemos uni-los e fazer uma grande colcha para aquecer o mundo, as pessoas e principalmente seus corações. Em nenhum momento eu escrevi que seria fácil, por realmente não ser, mas sem tentar não podemos prever a nossa vida, ou ainda mais, não podemos construir a nossa vida.

"É isso que torna o homem invulnerável a ponto de ser feliz, não só até o ‘Feliz para sempre’, pois o que é para sempre, sempre acaba, mas até depois dele."

*Obs: Hoje não tenho mais o que escrever porque acho que o que queria realmente retratar está ai, e foi um alívio desabafar já que o mar está tão longe e não tenho um espelho por perto... (Crônica escrita após um longo e divergente dia).

Obrigado pela atenção e volte sempre...

Mah.luco

sábado, 16 de agosto de 2008

Autonomia ou Ousadia?


Estava eu em casa, quando tive um grande insight ao ouvir uma musica cantada pelo Capital Inicial que começava assim o refrão: “Procuramos independência [...]”

Nessa semana que passou desde o último post, comprei um livro que há muito tempo procurava e acho que se encaixa perfeitamente aqui hoje. Slam, do escritor Nick Hornby e publicado aqui no Brasil pela editora Rocco, é um livro sensacional para quem diz ter independência ou já a tem e não sabe.

Conta a história de um menino que aos 16 anos se torna pai, mas não direi mais nada dele para que, caso alguém se interesse, não estrague as surpresas. O ponto de impacto relacionado ao lance da música é que nem sempre nós temos o que queremos ou temos e não sabemos. Pode parecer meio clichê isso, mas tentarei te convencer que não é.

A maior parte do tempo de nossas vidas nós procuramos, e mais ainda enumeramos/sonhamos, com o nosso futuro e com o que há de vir, esquecendo-nos do presente. Mas essa independência está nas nossas ações e não na curiosidade de tentar ver o mundo de forma diferente.

“Não devemos apenas imaginar se temos a possibilidade de fazer.”

A verdade depende de cada um, pois não existe uma universal, por mais que isso contradiga muita gente. Muitas vezes nós também não aceitamos o fato do jeito que é por criarmos barreiras que nos impedem até mesmo de ver a verdade.

O critério de independência é muito relativo, não? Podendo ser classificado como autônomo, ou quem não depende de nada nem de ninguém, uma grande mentira, é possível percorrer uma estrada de momentos libertos da vida do ser humano. Acho que uma boa classificação seria: livre (mas mesmo assim, teria receios de dizer isso).

“Até que ponto somos livres e/ou queremos a liberdade?”

Quando temos tudo, ou partes de um todo, a nossa disposição, não procuramos a independência com tanto furor, com tanto frenesi, como se aquilo atasse nossas mãos com grilhões e fizesse de nós um ser pior. Apenas aceitamos.

Por que temos paradigmas a seguir?
Por que temos que seguir o dogmatismo de outros?
Seria possível vivermos por si só?
Será que queremos viver “sozinhos”?


Essas perguntas, mais reflexivas do que esclarecedoras, vêm caminhando comigo há algum tempo, mesmo não sabendo explicá-las (e o meu pensamento sobre elas).

Pesquisando, encontrei uma frase ótima para concluir:

“A independência do homem não se faz com atitudes radicais e inesperadas, e sim na coerência com que dirige sua vida.”

Em outras palavras: Você faz a própria independência de acordo com a maneira que rege a sua vida e o modo que ela se distingue das outras tantas que habitam o planeta.

Agradeço a visita de todos que tornam desse blog realmente uma maneira de passar as minhas idéias em diante...

Tenham uma ótima semana...

Mah.luco