segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Reflexão de cena do filme A Liberdade é Azul 01/02


Uma breve explicação.
Devido a uma vida agitada, correria com a faculdade, vida social e afins, não pude mais publicar durante certo tempo, mesmo tendo prometido aos meus fiéis leitores-pacientes. Peço humildes desculpas e espero retornar o mais rápido possível com a rotina do nosso consultório.

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O Post de hoje é um pedaço de um trabalho muito bem sucedido realizado na matéria de Psicologia Fenomenológica, na qual pretendo me aprofundar melhor futuramente.

A cena escolhida para trabalhar foi:

Após o acidente que mata sua família, Julie Vignon é internada em um hospital e tenta se matar tomando remédios.

Sem nem ao menos saber o que aconteceu, Julie Vignon acorda num leito de hospital, com a notícia de que sua família faleceu no acidente, e nesse momento sua reação de perda é incontrolável.

Podemos montar um paralelo com dois versos do poema Ausência de Carlos Drummond de Andrade, em que analisamos a falta que a família pode lhe fazer. Ela fica desnorteada por estar sozinha, e então essa ausência é a falta que sente da sua família, presente nela pela perda de suas relações.

Ausência.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade



Dando seqüência a isso, ela traça um plano, com o único intuito, de não mais ser. Quebra uma vidraça no corredor para que a enfermeira saia da sala onde são armazenados os remédios e então entra, pega um pote cheio deles e coloca-os na boca, sem nem ao menos duvidar.

Até o momento não há duvida que o deixar-de-ser é seu maior intuito, pela falta de relações que se sobrepõem.

Nessa hora, após permanecer com os remédios na boca por algum tempo, cospe-os. Diante dela pelo lado exterior do vidro do ambulatório, a enfermeira aparece e se entreolham, criando uma relação. Relação de piedade e culpa respectivamente. Elas vão em direção uma a outra e Julie Vignon admite que quebrou a janela, pede perdão e diz, principalmente para si mesma: “Não posso. Não consigo.”. Se sente culpada, e sabe que foi isso que ocasionou a busca pelo não-ser.

A enfermeira mostrasse normal com a ação. Com se já tivesse passado por algo similar, mesmo sabendo que ao fazer algo mais de uma vez, não torna aquilo a mesma coisa, pois se trata de tempos diferentes.

Podemos ver que suas relações de Unwelt, Mitwelt e Eigenwelt estão presentes, em alterações à maior predominância em Julie. O Unwelt auxilia na busca dos remédios, pois o instinto de estar só e o impulso da sobrevivência lhe afetam negativamente. O Mitwelt já lhe mostra que suas relações e compartilhamento do mundo se esvaíram, e ao mesmo tempo, já recriam uma nova relação, com a enfermeira. O Eigenwelt lhe ajuda a compreender que a sua existência ainda é, mesmo sem aquelas relações que se ‘extinguiram’, pois ela pode continuar sendo, com a capacidade de autoconsciência do ser humano.


Espero que tenham gostado. Peço novamente desculpas pela interrupção e espero que não mais aconteça.
Tenham uma ótima semana e deixem seu comentário se possível.

Mah.luco

6 comentários:

Mahx. disse...

Me desculpe mais uma vez gente! Esqueci de colocar as definições de Umwelt, Mitwelt e Eigenwelt, mas então vamos lá:

O Umwelt é o mundo natural, que todos os organismos possuem, uma vez que é da ordem das necessidades biológicas, dos ciclos naturais de nascer e morrer, dormir e acordar.

O Mitwelt é o mundo dos relacionamentos entre os seres humanos e a troca de informações entre seus mundos.

O Eigenwelt, exclusivo dos seres humanos, pressupõe autoconsciência e é onde o homem pode pensar a si, aos outros e ao mundo ao redor, e aperceber-se da singularidade da construção desse entendimento. É onde o indivíduo irá conhecer-se em sua condição original de como vê e vive nestes três mundos.


Agora espero que faça mais sentido! =)

Unknown disse...

beeem masi sentido com as explikações de umwelt ,mitwelt,eingenwelt

começaa atualizar com mais frequencia max

eu virei leitor o/

David Melo da Luz disse...

não podemos criar o dictomia entre sujeito e objeto mas podemos dividir o mundo em três? Oo ahhah simbolismos a parte, sou um crítico das críticas da fenomenologia ahhah principalmente das pós Husserl! mesmo assim parabéns pelo texto! e saudades das nossas mesas redondas quadradas do fumódromo da puc! Abraço -

Arthur disse...

é, eu tava tentando deduzir o que queriam dizer os três termos pela explicação... heheh
um dia eu ainda faço psicologia, e tenho dito!
abraaço, e atualize constantemente [38753827]!

Licah... disse...

Ah voltou! *-*
Ah eu ja tinha lido esse trabalho! lalalala!
Eu o tenho aquiii!
Mto bom!
Isso: mta Fenô e nada de Freud!

BjoMor!

Unknown disse...

Dpois d alguns seculos...
rs

Mto bom Mah!
Mas v c naum some d nv =P

Bjinhus =*