sexta-feira, 25 de novembro de 2011

De uma vez.

O tudo e o nada contestam meu território cerebral.


O que eu quero? O que eu não quero? O que eu quero e o que não quero ao mesmo tempo?
Ilusões pela bebedeira ou alucinações de sono?


Não sei dizer.


O amor de certa forma se esvaiou, a paixão ardeu no coração, a sustentabilidade abriu um horizonte e as pálpebras me induziram.


Onde estou? No mesmo lugar. Você é que não está aqui.

sábado, 19 de novembro de 2011

Dor.

Nojo. Sinto nojo de mim. Preciso agora correr para aquele banheiro e me enfiar embaixo d’agua para que meu corpo seja limpo. Passar o sabonete por todo ele com força como se rasgasse minha pele e arrancasse as marcas que há. Isso não basta. A carne é fraca. Ela deve ser arrancada também. Devo desfiar as fibras, os músculos, não importa a dor. Não será maior do que a de ter te perdido ou de ter feito o que fiz.

(...)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Trechos extraviados 3.

Acendi um cigarro enquanto olho a lua no céu e penso em ti. Meus instintos primitivos me aquecem junto a você. O cigarro é tragado no canto da boca enquanto uma das mãos percorre meu corpo me fazendo aquecer a parte rija e selvagem do meu corpo em movimentos rápidos e que atiçam as memórias do meu corpo junto ao seu. Preciso de você. Agora.

[...]

Ouço a sua voz e sua respiração ofegante.

[...]

Muitos fluidos sairam do meu corpo e com um ar de satisfação, todavia infima, pois não estas aqui presente em forma física - como eu desejava, meu corpo pede outro cigarro.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Chega mais. Chega disso.

[Casa]

Em uma manhã de sol, com nuvens brancas e o cheiro de café solúvel a se arrastar pelas portas da casa de Henrique, ele acordava com a ressaca dos beijos longos, dos urros noturnos, das marcas no pescoço e da satisfação plena de uma noite bem servida. Talvez se encontrasse ainda em um ecstasy incontrolável ou estivesse. Chegou à cozinha, ainda bêbado de sono pelas ínfimas horas dormidas, e a mesa posta com dedicação por Pierre lhe indicava um amor a se encontrar. Não.

[Apartamento]

Fernando acabara de levar um tapa na cara. De ódio, de fúria. Merecido. Com todo seu ar esnobe e fugaz, foi ele mesmo quem deu a cara a bater. Isso o tornava tão homem de suas próprias decisões que nem ele mesmo acreditava que era capaz de encontrar um amor em que teria que dividir-se. Christian tinha os olhos marejados, talvez há quem os definisse como calejados ou talvez como fechados. Isso sempre lhe acontecia e mesmo assim ele. Sim.


[...]


Henrique chegou sorrateiro e com um sorriso gigante no rosto, para que Pierre não o percebesse, mas ao vê-lo tirar os cupcakes de banana com canela do forno, ainda fumegantes e com um aroma irresistível de 'Bom Dia meu amor' ele ficou estarrecido.
Medo.

Fernando começou a procurar sua camisa preta de riscas com que chegara da noite embriagantemente augustina de cigarros de filtro vermelho e bebidas estrangeiras, mas ao levantar-se após olhar embaixo da cama, viu que era com ela que Christian vestia-se ainda com lágrimas a escorrer.
Angústia.

Pierre então queimara a mão sem querer e a assadeira caiu. Num simples impulso de que não formasse uma bolha correu para a torneira sem nem ao menos olhar se a refeição do café da manhã estava inteira. A água já jorrava porque Henrique estava lá pronto para auxiliar-te no que fosse preciso.
Esquiva.

Christian não acreditava que as horas olhando para o ponteiro na madrugada e o telefone na caixa postal era por causa de uma noite boêmia. Tentava enfiar na sua cabeça de qualquer maneira que talvez o primo mais novo, enquanto Fernando banhava o avô doente, roubara a camisa e saira pela noite.
Mentira.


[...]


O casal então se abraçou. Henrique foi abraçado por Pierre que não queria que ele se afastasse.
- Não era pra você estar aqui ainda.
- Por quê?
- Porque agora não tem mais um café da manhã surpresa pra você.
- Isso não é problema algum se eu quiser te ajudar, por favor.
- Tudo bem.
- Chega mais.
Um beijo então foi consumado.
- A gente precisa conversar.
- Não, deixa tudo como está. Por mim ta tudo bem assim.
- Sim.

O casal então se abraçou Fernando foi abraçado por Christian que queria que ele se afastasse.
- Não era pra você estar aqui só agora.
- Por que?
- Porque agora eu não tenho mais como ficar com você.
- Para de fazer de tudo um problema, por favor.
- Não tem nada bem.
- Chega disso.
Um beijo então foi negado.
- A gente precisa conversar.
- Não, deixa tudo como está. Por mim ta tudo bem assim.
-Não.


[...]


O medo o tornava volátil no amor.
A angústia o afastava do amor.
A esquiva o aproximava do amor.
A mentira o solidificava no amor.


[...]


Pierre estava sentado à mesa com sua xícara a mão quando a pergunta foi flechada no elmo de Henrique.
- Você alguma vez já se frustrou por amor e ficou com medo de arriscar de novo?
- Eu nunca me frustrei por amor.
Pierre deu um gole ávido no café.
- Nunca é uma palavra que às vezes perde a noção ao ser dita.
- Eu não me preocupo com isso, porque medir as palavras nem sempre nos faz bem, não é?
- Eu sempre meço as minhas.
- Percebi ontem à noite.
- É mesmo? Quando?
- Quando encaracolava seus cachos junto aos meus.
Pierre sorriu sem graça, mas de maneira com que Henrique percebesse que ali nascia algo. Algo que talvez o fizesse medir não só as palavras, mas também os sentimentos.
- O café estava ótimo.
- Foi você que me ajudou a preparar lembra?
- Até parece. Eu lavo a louça.
- Eu seco os pratos.
- Sempre que vou à casa de alguém eu lavo a louça e dessa vez não seria diferente.
- Eu amo secar a louça, você não?
- Não muito.
- O que você me diz sobre amor hein?
- Eu já me frustrei por medo e no amor arrisquei de novo.


[...]


Christian estava em pé de costas para Fernando enquanto olhava a cidade paulistana erguida por entre as frestas da janela até que a espada foi cravada em seu peito.
- Você sabe tanto quanto eu que isso não está mais dando certo.
- Não era para ser assim.
- Eu também acho que não era, mas está sendo.
- Acabou? É isso que você está tentando me dizer?
- Por um momento não, por saber que ficaria assim.
- Mas é. Para você é o fim do dia, mesmo ele apenas começando.
- Não.
- Sai. Não quero mais você aqui.
No seu âmago Christian sabia muito bem que não era verdade as palavras proferidas. Fernando também sabia, mas nada fez.
- Eu não quero sair.
- Quer continuar a destruir a minha vida?
- A nossa vida não foi destruída.
- Chega disso, por favor. Quando quiser buscar suas coisas, você tem a chave e pode muito bem entrar. Não. Me avisa antes para que eu não o veja aqui novamente.
- Talvez haja um jeito, não tem que ser assim.
- Você sabe o quanto odeio clichês.
- Olha, eu to saindo.
- Não quero olhar.
- Não se esqueça de mim.
- Como se algum dia eu quisesse ter que fazer isso.
- Seja feliz.
- Só mais uma coisa: A nossa vida não, mas a minha sim.


[...]


A porta da casa se abre.
A janela do apartamento se fecha.