sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Crônica- Dia D

Idéia meio mórbida, mas afluente na cabeça.

"Na hora do “sim”, ela me disse “não”. Disse também que não daria certo e que até agora não sabia como chegamos até ali. Fiquei parado, sem reação, enquanto ela saia com o véu arrastando pelo chão, levantando a borda do vestido para andar mais depressa. Eu, de costas para a entrada, não a vi saindo e uma lágrima, não sei se de raiva, remorso ou realmente tristeza me escorria pela face. Ainda bem que não havia muita gente, a não ser eu, ela, o padre e um casal de amigos que serviram de testemunhas, para não passar por uma cena dessas.

"Eram 16 horas de uma terça-feira nublada."

Meus amigos tentaram me reconfortar, mas parecia que me diziam “meus pêsames, nós também gostávamos muito dela.” Mesmo ela não tendo morrido. Resolvi então, deixar a chave do meu carro com eles e dar uma volta a pé pelo bairro. Não tinha pressa para chegar a casa e encontrar lá coisas “nossas”. Voltei e peguei a chave do carro, pois assim poderia ir mais longe, não só com os meus pensamentos.

Não sei como, mas cheguei à Avenida Ibirapuera sem nem ao menos procurar o caminho. Entrei no parque com a impressão de que a Claudia estava morta. Mas há quanto tempo?

"Há quanto tempo ela havia morrido dentro de mim?"

Andando ao redor do grande lago, de terno cinza chumbo, camisa branca e um mocacim preto, não quis flor na capela porque achava ultrapassado, ao invés dela que queria que eu usasse, parei. Peguei o celular no bolso e já lembrava que há algum tempo não ligava a ela para dizer que a amava, para buscá-la no serviço ou para jantarmos juntos à luz de vela naquele restaurante que gostava.

Não sabia mais se a amava realmente. Na verdade, estava tentando me enganar, pois não a amava mais. Perguntei-me se alguma vez já a amei. Ao me indagar com essa questão retórica, retórica sim, porque não queria que houvesse resposta, já era fim de tarde e o crepúsculo se iniciava.

"Percebi que o passado não faria mais diferença e então resolvi mudar para o futuro."

A primeira atitude, talvez meio infantil, foi jogar o celular fora. Em algum momento desses deve estar no fundo do lago ou então em um ninho de ganso. Cheguei a casa e foi praticamente o “dia da faxina”, tudo que me lembrava ela eu resolvi me desfazer, mesmo não me sentindo mal, nem em ficar com aquilo, nem em jogar fora. Na verdade estava feliz. De verdade.

"Precisava mudar. Mudar sempre é bom."

Trouxe-me novas aventuras e opções, devaneios e ansiedades. E então eu descobri que aquela lágrima não era de raiva, remorso ou tristeza. Era uma lágrima de alegria.

"Pois precisava de um espaço. Um espaço para mim. Um espaço para ser feliz.""

*Obs: Crônica escrita apenas por montagem de cenas de devaneios e clichês.
*Obs dois: Não ocorreu comigo e está bem longe de ocorrer (quiçá não ocorra): Bruh. Te amo meu anjo.

Obrigado pela visita... Gostou? Então agende o seu horário dando um clique nos comentários, deixando seu nome e hora escolhida. ;)

Mah.luco

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Crônica - Banco de pensamentos


Muitas idéias. Um papel e uma caneta.



"Sentado sozinho num banco de praça abaixo de uma grande árvore de copa esverdeada, refletia sobre a invulnerabilidade humana. Como o Super-Homem poderia realmente existir se não podemos ter poderes como voar ou ter visão de raios-X, já que é isso que o torna ‘invulnerável’ – tirando a Kriptonita-?

Talvez não sejam essas capacidades que deveríamos desenvolver para agüentarmos dores mil, tanto nossas quanto dos outros, ataques de choro por sabermos de atrocidades, ou então, de condições subumanas.

"Precisamos ser fortes. Precisamos acreditar."

Eu sei que não sou o único desacreditado com o mundo que vivemos, todavia sei também, mais uma vez, que não sou o único que não me dedico ativamente a mudá-lo. Força de vontade existe, e muita, mas a “imprudência” de não saber o que fazer é maior.

"Já sentiu a sensação de impotência?"

Aquela que não deixa sentirmos o chão que pisamos, o ar que respiramos, que paralisa-nos por dentro e retira tudo da nossa mente fazendo por fração de segundos, ou até mesmo segundos, não lembrarmos quem somos? É pior, em minha opinião, e que isso fique claro, do que o próprio sentimento de perda.

Em certos momentos da minha vida, encontrei os 2 sentimentos num mesmo local e tive uma vontade quase que paranóica, por um breve período, de deixar de ser, mas a vontade de fazer algo melhor, por e para alguém, e também a re-significação daquilo para mim prevaleceu e me deu forças para continuar. Para pensar.

"Para pensar que a felicidade sempre volta a surgir e que fazer o bem gera um bem ainda maior."

Mesmo a vida sendo feita de retalhos, nós podemos uni-los e fazer uma grande colcha para aquecer o mundo, as pessoas e principalmente seus corações. Em nenhum momento eu escrevi que seria fácil, por realmente não ser, mas sem tentar não podemos prever a nossa vida, ou ainda mais, não podemos construir a nossa vida.

"É isso que torna o homem invulnerável a ponto de ser feliz, não só até o ‘Feliz para sempre’, pois o que é para sempre, sempre acaba, mas até depois dele."

*Obs: Hoje não tenho mais o que escrever porque acho que o que queria realmente retratar está ai, e foi um alívio desabafar já que o mar está tão longe e não tenho um espelho por perto... (Crônica escrita após um longo e divergente dia).

Obrigado pela atenção e volte sempre...

Mah.luco

sábado, 16 de agosto de 2008

Autonomia ou Ousadia?


Estava eu em casa, quando tive um grande insight ao ouvir uma musica cantada pelo Capital Inicial que começava assim o refrão: “Procuramos independência [...]”

Nessa semana que passou desde o último post, comprei um livro que há muito tempo procurava e acho que se encaixa perfeitamente aqui hoje. Slam, do escritor Nick Hornby e publicado aqui no Brasil pela editora Rocco, é um livro sensacional para quem diz ter independência ou já a tem e não sabe.

Conta a história de um menino que aos 16 anos se torna pai, mas não direi mais nada dele para que, caso alguém se interesse, não estrague as surpresas. O ponto de impacto relacionado ao lance da música é que nem sempre nós temos o que queremos ou temos e não sabemos. Pode parecer meio clichê isso, mas tentarei te convencer que não é.

A maior parte do tempo de nossas vidas nós procuramos, e mais ainda enumeramos/sonhamos, com o nosso futuro e com o que há de vir, esquecendo-nos do presente. Mas essa independência está nas nossas ações e não na curiosidade de tentar ver o mundo de forma diferente.

“Não devemos apenas imaginar se temos a possibilidade de fazer.”

A verdade depende de cada um, pois não existe uma universal, por mais que isso contradiga muita gente. Muitas vezes nós também não aceitamos o fato do jeito que é por criarmos barreiras que nos impedem até mesmo de ver a verdade.

O critério de independência é muito relativo, não? Podendo ser classificado como autônomo, ou quem não depende de nada nem de ninguém, uma grande mentira, é possível percorrer uma estrada de momentos libertos da vida do ser humano. Acho que uma boa classificação seria: livre (mas mesmo assim, teria receios de dizer isso).

“Até que ponto somos livres e/ou queremos a liberdade?”

Quando temos tudo, ou partes de um todo, a nossa disposição, não procuramos a independência com tanto furor, com tanto frenesi, como se aquilo atasse nossas mãos com grilhões e fizesse de nós um ser pior. Apenas aceitamos.

Por que temos paradigmas a seguir?
Por que temos que seguir o dogmatismo de outros?
Seria possível vivermos por si só?
Será que queremos viver “sozinhos”?


Essas perguntas, mais reflexivas do que esclarecedoras, vêm caminhando comigo há algum tempo, mesmo não sabendo explicá-las (e o meu pensamento sobre elas).

Pesquisando, encontrei uma frase ótima para concluir:

“A independência do homem não se faz com atitudes radicais e inesperadas, e sim na coerência com que dirige sua vida.”

Em outras palavras: Você faz a própria independência de acordo com a maneira que rege a sua vida e o modo que ela se distingue das outras tantas que habitam o planeta.

Agradeço a visita de todos que tornam desse blog realmente uma maneira de passar as minhas idéias em diante...

Tenham uma ótima semana...

Mah.luco

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Espelho para sempre...


Depois de alguns dias sem post, retornei para pedir desculpas pela demora e pra escrever um também, é claro. Desde que minhas aulas retornaram, várias idéias e muitos significados passaram pela minha mente, e resolvi que o post de hoje será sobre as relações ao indivíduo consigo mesmo e com mundo que o cerca, uma coisa bem singular: "Tudo que é, é."

O significado das coisas, além daqueles que o próprio censo comum dá, varia com a nossa própria percepção do mundo e de tudo que nos cerca, podendo também referir-se àquilo com o qual o associamos e com o próprio tempo em que ocorreu.

“O significado que um ‘objeto’ carrega, é a relação que ele estabelece com o mundo.”

Nossas emoções e sentimentos, nem sempre tão análogos assim, são afetados por diversos e diferentes motivos no nosso cotidiano, e não só eles como as nossas próprias vidas são transformadas pelo dia-a-dia.

Em apenas um dia é possível “chegar ao céu e descer ao inferno” ou vice-versa como diriam pessoas conhecidas. Mas nossas reações dependem do significado que damos a elas. Cada momento que acontece contigo, ou que aconteceu, você mesmo que inconscientemente, denotou um sentido.

"Tudo que é, é conseqüência de antes."

SEMPRE, o Passado é a causa do Presente. Todo o comportamento pelo qual passamos se origina por causa de um propósito e entender essa finalidade é transformar o passado, significá-lo novamente, só que de outra maneira, para então produzirmos o Futuro. Somos, portanto, um espelho, onde pode ser-se tudo o que se quer, tudo o que puder e pricipalmente na nossa mente vemos todos os momentos.

“O Futuro movimenta o Presente e retoma o Passado. Nós somos resultados dessas relações. Nós somos feitos dessas relações.”

Então quando temos problemas, não importando o grau de dificuldade, o homem rompe esse elo, unidade significativa, que tem consigo mesmo, todavia não é só o problema, ele também desfaz a sua ligação com o mundo.

Por isso sempre aproveite o presente e transforme-o em único para não ter que [re]significá-lo mais para frente, onde poderá ter sérios problemas... ;D

Então só para concluir, escrevo aqui uma frase que uma pessoa muito especial, que com certeza ampliou minha visão de homem, de mundo e de vida, disse:
“Aquilo que não tem significado não pode ser percebido. É a finalidade que te move.” Miguel Perosa.

Desejo uma boa semana a todos e até a próxima consulta...


Mah.luco