"Na hora do “sim”, ela me disse “não”. Disse também que não daria certo e que até agora não sabia como chegamos até ali. Fiquei parado, sem reação, enquanto ela saia com o véu arrastando pelo chão, levantando a borda do vestido para andar mais depressa. Eu, de costas para a entrada, não a vi saindo e uma lágrima, não sei se de raiva, remorso ou realmente tristeza me escorria pela face. Ainda bem que não havia muita gente, a não ser eu, ela, o padre e um casal de amigos que serviram de testemunhas, para não passar por uma cena dessas.
"Eram 16 horas de uma terça-feira nublada."
Meus amigos tentaram me reconfortar, mas parecia que me diziam “meus pêsames, nós também gostávamos muito dela.” Mesmo ela não tendo morrido. Resolvi então, deixar a chave do meu carro com eles e dar uma volta a pé pelo bairro. Não tinha pressa para chegar a casa e encontrar lá coisas “nossas”. Voltei e peguei a chave do carro, pois assim poderia ir mais longe, não só com os meus pensamentos.
Não sei como, mas cheguei à Avenida Ibirapuera sem nem ao menos procurar o caminho. Entrei no parque com a impressão de que a Claudia estava morta. Mas há quanto tempo?
"Há quanto tempo ela havia morrido dentro de mim?"
Andando ao redor do grande lago, de terno cinza chumbo, camisa branca e um mocacim preto, não quis flor na capela porque achava ultrapassado, ao invés dela que queria que eu usasse, parei. Peguei o celular no bolso e já lembrava que há algum tempo não ligava a ela para dizer que a amava, para buscá-la no serviço ou para jantarmos juntos à luz de vela naquele restaurante que gostava.
Não sabia mais se a amava realmente. Na verdade, estava tentando me enganar, pois não a amava mais. Perguntei-me se alguma vez já a amei. Ao me indagar com essa questão retórica, retórica sim, porque não queria que houvesse resposta, já era fim de tarde e o crepúsculo se iniciava.
"Percebi que o passado não faria mais diferença e então resolvi mudar para o futuro."
A primeira atitude, talvez meio infantil, foi jogar o celular fora. Em algum momento desses deve estar no fundo do lago ou então em um ninho de ganso. Cheguei a casa e foi praticamente o “dia da faxina”, tudo que me lembrava ela eu resolvi me desfazer, mesmo não me sentindo mal, nem em ficar com aquilo, nem em jogar fora. Na verdade estava feliz. De verdade.
"Precisava mudar. Mudar sempre é bom."
Trouxe-me novas aventuras e opções, devaneios e ansiedades. E então eu descobri que aquela lágrima não era de raiva, remorso ou tristeza. Era uma lágrima de alegria.
"Pois precisava de um espaço. Um espaço para mim. Um espaço para ser feliz.""
*Obs: Crônica escrita apenas por montagem de cenas de devaneios e clichês.
*Obs dois: Não ocorreu comigo e está bem longe de ocorrer (quiçá não ocorra): Bruh. Te amo meu anjo.
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Mah.luco