sexta-feira, 25 de novembro de 2011
De uma vez.
O que eu quero? O que eu não quero? O que eu quero e o que não quero ao mesmo tempo?
Ilusões pela bebedeira ou alucinações de sono?
Não sei dizer.
O amor de certa forma se esvaiou, a paixão ardeu no coração, a sustentabilidade abriu um horizonte e as pálpebras me induziram.
Onde estou? No mesmo lugar. Você é que não está aqui.
sábado, 19 de novembro de 2011
Dor.
(...)
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Trechos extraviados 3.
[...]
Ouço a sua voz e sua respiração ofegante.
[...]
Muitos fluidos sairam do meu corpo e com um ar de satisfação, todavia infima, pois não estas aqui presente em forma física - como eu desejava, meu corpo pede outro cigarro.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Chega mais. Chega disso.
Em uma manhã de sol, com nuvens brancas e o cheiro de café solúvel a se arrastar pelas portas da casa de Henrique, ele acordava com a ressaca dos beijos longos, dos urros noturnos, das marcas no pescoço e da satisfação plena de uma noite bem servida. Talvez se encontrasse ainda em um ecstasy incontrolável ou estivesse. Chegou à cozinha, ainda bêbado de sono pelas ínfimas horas dormidas, e a mesa posta com dedicação por Pierre lhe indicava um amor a se encontrar. Não.
[Apartamento]
Fernando acabara de levar um tapa na cara. De ódio, de fúria. Merecido. Com todo seu ar esnobe e fugaz, foi ele mesmo quem deu a cara a bater. Isso o tornava tão homem de suas próprias decisões que nem ele mesmo acreditava que era capaz de encontrar um amor em que teria que dividir-se. Christian tinha os olhos marejados, talvez há quem os definisse como calejados ou talvez como fechados. Isso sempre lhe acontecia e mesmo assim ele. Sim.
[...]
Henrique chegou sorrateiro e com um sorriso gigante no rosto, para que Pierre não o percebesse, mas ao vê-lo tirar os cupcakes de banana com canela do forno, ainda fumegantes e com um aroma irresistível de 'Bom Dia meu amor' ele ficou estarrecido.
Medo.
Fernando começou a procurar sua camisa preta de riscas com que chegara da noite embriagantemente augustina de cigarros de filtro vermelho e bebidas estrangeiras, mas ao levantar-se após olhar embaixo da cama, viu que era com ela que Christian vestia-se ainda com lágrimas a escorrer.
Angústia.
Pierre então queimara a mão sem querer e a assadeira caiu. Num simples impulso de que não formasse uma bolha correu para a torneira sem nem ao menos olhar se a refeição do café da manhã estava inteira. A água já jorrava porque Henrique estava lá pronto para auxiliar-te no que fosse preciso.
Esquiva.
Christian não acreditava que as horas olhando para o ponteiro na madrugada e o telefone na caixa postal era por causa de uma noite boêmia. Tentava enfiar na sua cabeça de qualquer maneira que talvez o primo mais novo, enquanto Fernando banhava o avô doente, roubara a camisa e saira pela noite.
Mentira.
[...]
O casal então se abraçou. Henrique foi abraçado por Pierre que não queria que ele se afastasse.
- Não era pra você estar aqui ainda.
- Por quê?
- Porque agora não tem mais um café da manhã surpresa pra você.
- Isso não é problema algum se eu quiser te ajudar, por favor.
- Tudo bem.
- Chega mais.
Um beijo então foi consumado.
- A gente precisa conversar.
- Não, deixa tudo como está. Por mim ta tudo bem assim.
- Sim.
O casal então se abraçou Fernando foi abraçado por Christian que queria que ele se afastasse.
- Não era pra você estar aqui só agora.
- Por que?
- Porque agora eu não tenho mais como ficar com você.
- Para de fazer de tudo um problema, por favor.
- Não tem nada bem.
- Chega disso.
Um beijo então foi negado.
- A gente precisa conversar.
- Não, deixa tudo como está. Por mim ta tudo bem assim.
-Não.
[...]
O medo o tornava volátil no amor.
A angústia o afastava do amor.
A esquiva o aproximava do amor.
A mentira o solidificava no amor.
[...]
Pierre estava sentado à mesa com sua xícara a mão quando a pergunta foi flechada no elmo de Henrique.
- Você alguma vez já se frustrou por amor e ficou com medo de arriscar de novo?
- Eu nunca me frustrei por amor.
Pierre deu um gole ávido no café.
- Nunca é uma palavra que às vezes perde a noção ao ser dita.
- Eu não me preocupo com isso, porque medir as palavras nem sempre nos faz bem, não é?
- Eu sempre meço as minhas.
- Percebi ontem à noite.
- É mesmo? Quando?
- Quando encaracolava seus cachos junto aos meus.
Pierre sorriu sem graça, mas de maneira com que Henrique percebesse que ali nascia algo. Algo que talvez o fizesse medir não só as palavras, mas também os sentimentos.
- O café estava ótimo.
- Foi você que me ajudou a preparar lembra?
- Até parece. Eu lavo a louça.
- Eu seco os pratos.
- Sempre que vou à casa de alguém eu lavo a louça e dessa vez não seria diferente.
- Eu amo secar a louça, você não?
- Não muito.
- O que você me diz sobre amor hein?
- Eu já me frustrei por medo e no amor arrisquei de novo.
[...]
Christian estava em pé de costas para Fernando enquanto olhava a cidade paulistana erguida por entre as frestas da janela até que a espada foi cravada em seu peito.
- Você sabe tanto quanto eu que isso não está mais dando certo.
- Não era para ser assim.
- Eu também acho que não era, mas está sendo.
- Acabou? É isso que você está tentando me dizer?
- Por um momento não, por saber que ficaria assim.
- Mas é. Para você é o fim do dia, mesmo ele apenas começando.
- Não.
- Sai. Não quero mais você aqui.
No seu âmago Christian sabia muito bem que não era verdade as palavras proferidas. Fernando também sabia, mas nada fez.
- Eu não quero sair.
- Quer continuar a destruir a minha vida?
- A nossa vida não foi destruída.
- Chega disso, por favor. Quando quiser buscar suas coisas, você tem a chave e pode muito bem entrar. Não. Me avisa antes para que eu não o veja aqui novamente.
- Talvez haja um jeito, não tem que ser assim.
- Você sabe o quanto odeio clichês.
- Olha, eu to saindo.
- Não quero olhar.
- Não se esqueça de mim.
- Como se algum dia eu quisesse ter que fazer isso.
- Seja feliz.
- Só mais uma coisa: A nossa vida não, mas a minha sim.
[...]
A porta da casa se abre.
A janela do apartamento se fecha.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Tormenta.
Chegamos. Deparo-me com árvores, com flores e com frutos. Deparo-me também com o cinza. Um cubo cinza, com janelas e um ar de clausura. Tive uma sensação estranha, de que viveria minutos intermináveis a partir do momento em que entrasse por aquela porta de vidro. E os foram. Infindáveis.
Estava aberto a novas expectativas, até aquele momento. Não. Até o momento que a terceira porta fora destrancafiada após fechar a segunda porta, que só foi aberta depois que a primeira foi cerrada. Bem vindo ao labirinto dos teus medos internos. Ou pelo menos dos meus.
No caminho: corredores. Nos corredores: pessoas. Nas pessoas: a loucura. Na loucura: nós ali presentes. Em nós: não havia nada.
Foi-nos sugerido que as más impressões e os pré-conceitos fossem deixados do lado de fora, lá, três portas atrás, em uma distância que podiam assegurar que não atrapalhariam nosso desempenho. Desempenho? É. Estávamos ali a trabalho, não como um individuo familiar, não para fazer amizades. Estávamos ali para constatar laudos, fichas, pranchetas e casos clínicos. Para entender sobre a instituição, sobre os internos, sobre as suas vidas, tão parecidas com as nossas, a não ser por um único instante que os faz nos diferenciar ali dentro: um surto.
Talvez não fosse a única coisa que nos diferenciava naquele momento. Suas vestes precárias, muitas vezes rasgadas; A presença do cigarro incondicional, único meio que possuem de fugir dali; O cheiro nauseabundo dos remédios tarja preta, letais a sanidade de todos.
Sem contar a presença do corpo humano. Seu toque e seu cheiro, tudo que descaracteriza o biológico e torna o estudo científico, com base experimental, das funções orgânicas e dos processos vitais do ser vivo mais ameno.
Passam-se segundos em formas de minutos em formas de horas. É horrível se ver trancado em corredores, salas e quartos com aromas nada sensíveis, todavia fora deveras tranqüilo perto do soco no estômago que recebi em seguida: “Aqui é a sala de TV. É aqui que nos juntamos e vemos o que esta acontecendo no mundo lá fora.” Eu estava trancado naquelas paredes junto com todos, porém, eu posso sair. Agora surge uma questão: sair é a melhor opção?
E então se termina o dia. Dores comprimem meu coração.
(...)
Dois: Meio.
Já estou preparado. Minha carapaça de insensível a sentimentos externos foi vestida e a minha lança de força de vontade, que pode ser vista também como vontade de fazer a diferença, vem à mão. Adentro o castelo monocromático e então, vamos à batalha. Não. Hoje faremos algo diferente, seremos apenas ouvintes. Ênfase na palavra apenas, que de pouca quantia não trás nada. É o inverso.
Um deles vem. Na verdade, é induzido a vir, afinal precisa de nós aqui, ou seríamos nós que precisamos dele aqui? Dúvida que me é esclarecida assim que a questão se desvela: Precisamos dele.
Círculo.
Nervosismo.
Expectativas.
Procura da fantasia.
Resposta da realidade.
Olhos fixos nos olhos desviantes
Até que ponto um entregador de pizza, do centro de São Paulo, pode ser um advogado bem sucedido E jogador de futebol profissional - mesmo que da terceira divisão?
Pode se deixar fluir uma memória fragmentada com ares de entendimento ou intervir com pré-conceitos? Essa resposta eu sei: Sem superstição ou prevenção. Prejuízo. É conturbadora a maneira como lidamos com o inacreditável e inalcançável mundo da fantasia. É ainda mais conturbador acreditar que possa ser realidade.
Distanciamento afetivo ou presença inócua? Há de decidirmos em pequenos grupos, já que por si só, não somos mais capazes nem ao menos de organizar o fluxo contínuo das idéias.
Eu discurso sobre as idéias, não sobre os ideais. Estes são complexos, não dependem apenas do rei que sabe – ou não sabe – que a insanidade precisa tanto de quem é sóbrio como do seu tempo.
O tempo acaba com as gotas de suor escorrendo por entre as linhas da vida e do amor, do futuro e do agora, presentes na palma da minha mão.
Assim como a minha própria força de contrastar realidades e ilusões esvai-se, as marcas no corpo são ocupadas pelas vezes de expressão, pelas vezes da dor e vezes do amor. Surgem então as marcas na alma e a minha armadura desmonta.
(...)
Três: Tudo, menos o fim.
Conhece aquela sensação agradabilíssima de quando você freqüenta certo lugar por algumas vezes e tem a impressão de um segundo lar acolhedor, que sempre estará de portas abertas para você – que nunca recusará aceitar um convite para adentrar-te – cheio de afeto, carinho? Calor. Este lugar, para mim, nunca será um hospital psiquiátrico.
As nuvens caminham, escondendo o dia ensolarado e, então, o vento me ceifa. Gélido. Cinza. Habitual. Acabo de chegar ao limite da minha saúde. Não. Retomo minhas forças e percebo: Eu cresci.
No dia que estamos o fim é apenas o começo. A atividade se inicia. Colocamos-nos apostos e a vista disso eles vêm ao nosso encontro. Surgem dúvidas, sorrisos, palavras perdidas, olhares – sempre os olhares – alegres, felizes, amorosos, tristes, sórdidos, malditos, sádicos. Ao que me parece, todos precisam de atenção, inclusive eu.
Uma mão surge junto a minha e eis que vejo a pequena borboleta branca a voar, colorida e colorindo, entre tantas borboletas rubro-negras o espaço físico-mental daquele estabelecimento. Ela sabe o que faz e isso me conforta.
De um lado o calor das mãos a fazer obras na argila úmida. De outro, a inquietude de mentes a projetar insatisfações por meio do tato. Surge um vaso capaz de carregar água a todo um povo que possui sede de sabedoria. Ergue-se uma foice, em nome da justiça e impunidade. Há certo e errado? Não aqui. Em lugar algum. A mente humana é o maior campo de centeio a ser fertilizado. Muito cuidado, os corvos hão de comer caso não colha.
Até que surgem ordens a serem seguidas. Superiores. Há a abertura do mar vermelho, separação dos judeus e egípcios. Quem somos nós?
(...)
Réquiem: A despedida.
Uma lágrima ameaça formar-se, mas não posso afirmar a sua procedência. Talvez seja por conseguir entender agora uma angústia antes presente que me sufocava e que não podia expelir. Um líquido viscoso que pelas entranhas e vísceras sempre se demonstrou denso, que fazia meu abdômen se contrair como punhaladas certeiras no fígado. Até então desconhecido pelo meu âmago ou ignorado pela minha consciência. Agora, no êxtase da minha integridade de caráter, o denomino: Loucura.
*Obs: Dedicado a todos os internos do Hospital Psiquiátrico São João de Deus.
domingo, 7 de novembro de 2010
Díspares.
Temos na maioria das vezes uma boa intenção em rotular, sendo o significado uma caracterização, classificação e/ou consideração por algo que acreditamos ter que diferenciar dos demais. Neste momento surge a mim uma questão: O que realmente seria necessário diferenciar? Separar entre grupos distintos, distinguir por cores, tamanhos, lugares. Diferenças. Essa é a questão.
Não obstante um litígio mais pertinente aparece: Por que diferenciar algo? Seria impossível viver com as diferenças na nossa sociedade? Não podemos conviver com pessoas díspares ao nosso redor? Por que elas precisam ser isoladas?
A diferença entre as pessoas se encontra na maneira de lidar com as outras pessoas. O relacionamento interpessoal, as relações eu-tu, conceitos de transferência e contra-transferência, todos precisam de duas pessoas. Você e o outro.
Você já se colocou no lugar do outro?
Já pensou em como você é aos olhos de outros?
Como eles te julgam?
Julgar as pessoas, ou ‘simplesmente’ taxá-las, é sempre fácil. No caso d’O Solista, os personagens Steve Lopez e Nathaniel Ayers passam por algo similar. Eles são diferentes. E iguais. Possuem problemas, talvez um pouco diferentes, porém que repercutem nas suas vidas de forma similar. As destroem e ajudam a construir. Como todos nós. A diferença está... Onde está a diferença? Na intensidade? No isolamento?
Conforme seja a intensidade dessa diferença, desse isolamento, chegamos à discriminação. Sim, discriminação. Pessoas internadas são discriminadas, afinal “cada qual em seu cada qual e o lugar do louco é no hospício.”
E o seu lugar? Onde é?
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Marcas.
Às vezes de dor.
Vezes de amor.
(...)
Até que ponto um entregador de pizza, pode ser advogado E jogador de futebol -mesmo que da terceira divisão? Pode se deixar fluir uma memória fragmentada com ares de entendimento ou intervir com pré-conceitos? Distanciamento afetivo ou presença inócua? Marcas no corpo. Marcas na alma.
(...)
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Trechos extraviados 2.
- Você já pensou na hipótese de que eu acredite?
- Não porque daí não faria sentido suas ações.
- E na hipótese de eu não... aceitar?
- Eu acho que você aceita, mas não acredita.
- E acredito, mas não aceito."
(...)
" - E se aquele dia eu não tivesse te beijado?
- Eu não sei se saberia o que é o amor de verdade.
- Talvez nunca mais nos encontraríamos por ai.
- Ou talvez sim.
- Será?
- Não acredita no amor único e verdadeiro?
- Por que haveria de acreditar?
- Porque eu acredito.
- Eu não sou você."
(...)
"O melhor é deixar que o rio Lethea leve-te para bem longe de mim."
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Compras necessárias.
- Claro, posso sim. O que o senhor precisa?
- Bom, é uma lista um pouco extensa, mas me indicaram esse lugar, então espero que tenha tudo. Não gosto de andar em círculos quando procuro algo.
- Vou até o estoque e já confiro se tem tudo que precisa, tudo bem?
- Eu aguardo aqui.
(...)
- Senhor, quase tudo que consta na lista eu achei e trouxe para que veja. O carinho em essência, os filetes de saudade momentânea, carinho nº5, ciúmes com toques adocicado, beijos extra forte e abraço quente.
- O abraço você não tem do reconfortante?
- Esse daqui da loja é quente e reconfortante.
- Ótimo então.
- Vou Ficar te devendo o pote de afeto versão-excessivo. Está esgotado.
- Eu tenho o pote da versão-dedicado, só que tenho medo que acabe.
- Nossa, é um muito bom mesmo.
(...)
- Agora só precisa passar no caixa senhor.
- Muito obrigado pela atenção.
- Nós que agradecemos.
- E eu então? Não seria nada sem esses... ingredientes!
- Modéstia a parte, não mesmo senhor, afinal não é todo dia que se constroem amores perfeitos com a melhor das intenções.
domingo, 1 de agosto de 2010
Conversa.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Trechos extraviados.
(...)
" - Eu acredito na sua palavra.
- Eu acredito na sua pessoa.
- Eu te agradeço.
- Eu te amo."
(...)
"Eu sei quando você chega perto de mim, sorrateiro ou não, porque sinto sua presença, sua aura mais que substancial, presente.
Meus pêlos se ouriçam atrás da nuca quando fala aquelas palavras doces, sussurando fraco no meu ouvido.
Quando toca suave a minha boca, fazendo o contorno dos meus lábios, dou suspiros, ao mesmo tempo de agonia pelo seu contato quente e o ar gélido que perpassa, como também surgem lembranças de todos os momentos felizes ao seu lado.
Seu sorriso, meio bobo e tímido, meio libertino e provocador, me dá forças, me instiga, me faz ter pensamentos e aflora a minha imaginação. É sublime, me leva as alturas e ao mesmo tempo me faz descer ao inferno.
Seu olhar é estonteante, alegre e perspicaz. Conhece o rumo das coisas, e quando não, busca nas coisas o próprio rumo. Traz a lembrança dos bons ensejos e uma melodia, um compasso, algo que me inebria: O seu amor."
terça-feira, 1 de junho de 2010
...você agora.

Antes de começar a leitura, inicie a música.
...você agora.
A música tocava. O vinho tinto me incentivava a levantar dessa cadeira a beira da mesa e ir até onde o telefone estava. Mas eu não podia. O que lhe dizer uma hora dessas? Tirei um cigarro do maço que estava no bolso do paletó. O isqueiro havia perdido, como sempre. Estiquei o braço até o armário e peguei a caixa de fósforos. Havia poucos palitos. Tudo bem, pois havia poucos cigarros também. Teria que sair mais tarde para renovar o estoque que cessara. Uma tontura vinda do vinho me consumia aos poucos, como a fumaça do cigarro que começava a velar meus olhos. Não ligava para isso. Não seria a primeira nem a última vez que ocorreriam. De onde vinha a música? Perguntei-me após certo tempo bailando pela cozinha. Sozinho. Decidi seguir o som, mas antes peguei minha taça, completei com o que restava do vinho e só percebi que o cálice estava cheio quando o toque gélido me escorria por entre os dedos e manchava a toalha com pingos leves. Acendi outro cigarro e com um trago longo me esquentei, e esfumacei-me um pouco mais, para seguir o ritmo do piano. Entre passos e goles e tragos, memórias. Memórias antigas. A casa longínqua da infância em que via o pôr-do-sol estonteante, os pés de laranja-lima da praça em que entalhava teu nome junto ao meu, naqueles dias nossos cheios de carinho, dias do teu corpo junto ao meu, dias maravilhosos como a nossa troca de olhares. Até o momento em que deixou de me olhar. A tontura aumentava enquanto não achava a fonte daquela música. Me lembro dos teus olhos cor de mel. Minha vitrola desligada. Eles eram perfeitos de tão simétricos. Os LP's todos pelo chão. Afastaram-se dos meus. Não havia nada capaz de trazer aquela música até mim. Fiquei sozinho. Nada. Traguei mais uma vez profundamente. A vertigem me consumia e não conseguia mais ficar de pé. Me encostei na parede e antes que percebesse, os estilhaços da taça pelo chão da sala atenuaram o som e notei então que o cálice não caíra e se quebrara, mas o inverso. Olhei para minha mão já gotejando como o vinho na toalha, porém o liquido mais denso já manchara minha camisa branca do trabalho, a calça escura e o sapato. Passei a mão na camisa, na calça, na parede para que se interrompesse, mas não parava. O nervoso me consumia, assim como a fúria que despendi em você aquela noite. Não conseguia me controlar. Traguei de novo. E de novo. Meus joelhos começaram a dobrar, mas me segurava. De relance vi sobre a cômoda o telefone. Estava perto de mim. Traria você para perto de mim. Um trago. Um passo. Um deslize. Alcancei o telefone, porém fui ao chão. Trouxe comigo o porta-retrato, o molho de chaves. Deitado no carpete marcado pela mistura escarlate dessa noite liguei para você. Mas uma loucura momentânea tomou conta de mim. Não tomei o último gole do vinho. Não traguei de novo. Não consegui mais manter os olhos abertos. E ao fundo ouvia você dizer ao telefone: -Eu estava pensando em você agora.
Marcos Antonio.
(*obs: Escrito após ouvir a melodia "La Valse d'Amélie (Version Orchestre)" do Yann Tiersen, cedida por CARLO LANZETTA do http://l-evitar.blogspot.com/)
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Vícios e Virtudes.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
sábado, 6 de março de 2010
New.

Olá.
Hoje dia 6 de Março de 2010, praticamente chegando ao fim do primeiro trimestre, resolvi tomar uma das decisões mais drásticas da minha vida: Reformulei o BLOG. Foi complicado, do mesmo jeito que tem sido muitas coisas, mas já estava na hora, afinal 2 anos com a mesma cara não leva ninguém a lugar algum.
Porém essa não é a única mudança. Decidi escrever um pouco mais além do que 'análises e afins psicológicos', vou colocar um pouco mais de humanidade e sentimentos MEUS aqui.
Bom, espero que não seja por isso, que você deixe de me visitar, pois agora com mais frequência será atualisado.
Hoje gostaria apenas de dizer-te o que eu sinto. Gostaria que me pudesse dizer o que sinto. Eu sei, mas não queo assumir. Pronto. Assim fica melhor a todos. Ou apenas a ti. Algo me agride. Me definha. Me deixa coma impressão de impotência. Com a impressão de que aos poucos perco para outro o lugar antes tão bem estimado por mim.
Que as horas passem e me façam esquecer novamente essas idéias esquizofrênicas.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Reflexão de cena do filme A Liberdade é Azul 02/02

Olá pacientes-leitores, tudo bom com vocês?
Espero que estejam. Hoje é a 'publicação' da segunda parte minha reflexão Fenomenológica me baseando, principalmente no conteúdo lecionado na PUC e em textos do Rollo May -de quem eu sou um grande fã! Vamos ao que interessa.
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2ª Cena escolhida. O momento que Julie Vignon encontra em sua nova moradia uma proliferação de ratos e não consegue agir diante deles, a não ser pedir a um de seus vizinhos um gato emprestado para exterminá-los.
No momento em que se encontra em seu novo apartamento, após chegar de compras, ela abre a porta da dispensa e se depara com uma ninhada de ratos. Sua reação é como de qualquer outra pessoa, mas podemos perceber sua reação seguinte que altera o limiar das ações. Nesse momento ela se encontra com uma imagem de família. Uma imagem que não pertence mais ao mundo dela. Uma relação inexistente, ou que ela pensa ser inexistente a partir do momento em que foi a única sobrevivente do acidente que esvaiu com sua concepção e ideal de família.
Ela acredita estar no mundo, mas sem apego aos seus bens, conhecidos, sem nada. Sem significados. Sem manter relações. Sem um Mitwelt desenvolvido, a partir da concepção de que o Mitwelt é o mundo compartilhado em que se mostram as possibilidades das suas relações.
Pela transparência do seu ser e suas ações, vemos que no âmago de Julie Vignon há a presença da culpa e da vivência de uma angústia real. Ela convive com a ninhada de ratos por algumas noites, sem conseguir dormir direito e se desligar dessa relação, sem conseguir não pensar e resgatar suas lembranças de família. Essa ameaça antológica da existência permeia-a como um assunto inacabado, como algo em que há uma necessidade de viver, de ser, ao mesmo tempo em que o não-ser é a melhor das escolhas. Uma iminência presente no seu cotidiano.
Em uma apreciação geral, podemos dizer que ela não foi capaz de dizer adeus a sua família, não finalizou sua relação com seus familiares de uma maneira saudável para si, não completou o ciclo e então, se mostra ainda dependente daquela vivência inacabada. A persistência dessa relação cria uma dor, uma culpa, através da repetição do ocorrido e é por isso que não consegue exterminar os ratos com a vassoura e necessita do gato. Ela sente--se impotente diante da ação e ao colocar o gato dentro da dispensa com os ratos, tem esperança que solucionará esse ‘problema’, que na verdade não passa de sua relação familiar incompleta.
Espero que tenham gostado das duas reflexões e fico aberto a sugestões, como sempre obviamente, e gostaria também que as pessoas que lessem deixassem um comentário não só sobre o texto, mas com alguma proposta para o próximo post, que tal? O blog é feito não por mim apenas, pois sem vocês, não haveria motivo para ele existir.
Obrigado pela leitura e até a próxima consulta.
Mah.luco
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Reflexão de cena do filme A Liberdade é Azul 01/02

Uma breve explicação.
Devido a uma vida agitada, correria com a faculdade, vida social e afins, não pude mais publicar durante certo tempo, mesmo tendo prometido aos meus fiéis leitores-pacientes. Peço humildes desculpas e espero retornar o mais rápido possível com a rotina do nosso consultório.
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O Post de hoje é um pedaço de um trabalho muito bem sucedido realizado na matéria de Psicologia Fenomenológica, na qual pretendo me aprofundar melhor futuramente.
A cena escolhida para trabalhar foi:
Após o acidente que mata sua família, Julie Vignon é internada em um hospital e tenta se matar tomando remédios.
Sem nem ao menos saber o que aconteceu, Julie Vignon acorda num leito de hospital, com a notícia de que sua família faleceu no acidente, e nesse momento sua reação de perda é incontrolável.
Podemos montar um paralelo com dois versos do poema Ausência de Carlos Drummond de Andrade, em que analisamos a falta que a família pode lhe fazer. Ela fica desnorteada por estar sozinha, e então essa ausência é a falta que sente da sua família, presente nela pela perda de suas relações.
Ausência.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
Dando seqüência a isso, ela traça um plano, com o único intuito, de não mais ser. Quebra uma vidraça no corredor para que a enfermeira saia da sala onde são armazenados os remédios e então entra, pega um pote cheio deles e coloca-os na boca, sem nem ao menos duvidar.
Até o momento não há duvida que o deixar-de-ser é seu maior intuito, pela falta de relações que se sobrepõem.
Nessa hora, após permanecer com os remédios na boca por algum tempo, cospe-os. Diante dela pelo lado exterior do vidro do ambulatório, a enfermeira aparece e se entreolham, criando uma relação. Relação de piedade e culpa respectivamente. Elas vão em direção uma a outra e Julie Vignon admite que quebrou a janela, pede perdão e diz, principalmente para si mesma: “Não posso. Não consigo.”. Se sente culpada, e sabe que foi isso que ocasionou a busca pelo não-ser.
A enfermeira mostrasse normal com a ação. Com se já tivesse passado por algo similar, mesmo sabendo que ao fazer algo mais de uma vez, não torna aquilo a mesma coisa, pois se trata de tempos diferentes.
Podemos ver que suas relações de Unwelt, Mitwelt e Eigenwelt estão presentes, em alterações à maior predominância em Julie. O Unwelt auxilia na busca dos remédios, pois o instinto de estar só e o impulso da sobrevivência lhe afetam negativamente. O Mitwelt já lhe mostra que suas relações e compartilhamento do mundo se esvaíram, e ao mesmo tempo, já recriam uma nova relação, com a enfermeira. O Eigenwelt lhe ajuda a compreender que a sua existência ainda é, mesmo sem aquelas relações que se ‘extinguiram’, pois ela pode continuar sendo, com a capacidade de autoconsciência do ser humano.
Tenham uma ótima semana e deixem seu comentário se possível.
Mah.luco
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Se você acredita, é real.

"Prefiro acreditar no mundo do meu jeito." [Renato Russo]
Papai Noel, coelhinho da páscoa, fada dos dentes, amigos imáginarios. A nossa vida era tão boa quando acreditavamos de verdade que eles existiam, não é mesmo? Então por que eles viraram uma mentira, desse jeito? Uma coisa real o suficiente para nos fazer sentir felicidade, nem que seja por um momento, não deveria ser considerada mentira. Na verdade, acho que elas sejam mais reais do que muitas "besteiras" que nos dizem por ai. Esse é o tipo de coisa inocente que o nosso próprio coração tornou real. Você conhece algo mais verdadeiro do que isso?
"É necessário acreditar em alguma coisa que possa acalmar o absurdo da vida." [Raul Seixas]
Se, do fundo do meu coração, eu acreditar de fato que o "Papai Noel" existe, tenho certeza que ele será real, e nada nem ninguém vai me convencer do contrário. Isso me deixará alegre e cheia de esperanças. Eu estarei me sentindo melhor do que essa pessoa que me disse que é mentira, então por que eu devo acreditar nela?Eu não estou querendo dizer que devemos fechar os olhos ao mundo e nos trancarmos em uma bolha de sonhos.
"Aquilo que vemos, depende basicamente do que procuramos ver." [John Lubbock]
É claro que o que vemos todos os dias nos faz amadurecer, mas quando acreditamos em algo tão sinceramente a ponto de torná-lo real, isso existe para nós e ponto final. A vida seria tão mais fácil se as pessoas prestassem atenção em que suas esperanças infantis mostram.
domingo, 11 de janeiro de 2009
"Alguns minutos de..."

Outro dia recebi um email que dizia que não existe frio, apenas "ausência de calor"; que não existe escuridão, apenas "ausência de luz"; e mais, que não existe mal, apenas "falta o bem"...então, o silêncio?! Será que existe?!
Com tempo podemos perceber que o silêncio não é só o famigerado "shiiiuuu" que a professora faz...que talvez ele seja mais necessário e complexo do que isso.
No ritmo frenético em que vivemos, um simples fechar de janelas pode trazer o silêncio que procuramos. Um fone de ouvido também, outra barreira contra a alucinação do mundo exterior.
Mas, enfim, o que é o silêncio?! É claro que eu não estou apta a responder essa pergunta e
Pode parecer um pouco "dark" defender a importância do silêncio, mas antes de qualquer coisa, experimente! Nem que seja ficar quieto para pensar em alguém, nem que seja fechar o livro enquanto se está no onibus...silencie. Viva.
Bom, como vocês já viram, hoje o doutor abriu espaço pra uma paciente assídua e que é muitoo ajudada por ele...quem sabe ele não resolve analisar esse post e dar a vocês a versão que a psicologia dá ao silêncio?!
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Mudanças apenas às coisas ruins...

“RECEITA DE ANO NOVO
(Carlos Drummond de Andrade)
Não precisa fazer lista
de boas intenções para arquivá-las
na Gaveta.
Não precisa chorar de arrependimento
pelas besteiras consumadas nem
parvamente acreditar que por decreto
da esperança a partir de Janeiro
as coisas mudem e seja claridade,
recompensa, justiça entre os homens
e as nações, liberdade com cheiro e
gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
Eu sei que não é fácil mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Um maravilhoso Ano Novo para você !”
Achei que cabia muito bem para uma reflexão simples sobre o que nós podemos e o que devemos fazer nesse/para o Ano Novo.
As relações das promessas vis e a claridade das situações nos foram passadas por outros posts, mas o que me alegrou ao lê-lo, foi o começo: As listas de gavetas. Se tiver quem acompanha desde o inicio, o primeiro post falou sobre isso.
O que fazer, deixar de fazer e as promessas do que fazer. Grandes questões com diferentes respostas, por mais parecidas que sejam, tanto as perguntas quanto as respostas.
Devemos sempre viver o dia de hoje, hoje, na hora que se olha no relógio, e não começar o dia já premeditando o que fazer durante o período de almoço, fim de tarde e madrugada a fora.
Agora, quero agradecer quatro “pontos importantes” entre tantos outros que me ocorreram no ano de 2008, Quero que saibam que “a ordem dos tratores não altera o viaduto” ok?
~> O pessoal todo da PUC, principalmente da C1-2, que me ajudaram in ou diretamente em tudo o que precisei/realizei nesse ano de 2008 e no mínimo nos próximos quatro, não é? Que esse ano que se inicia seja maravilhoso a todos vocês.
~> O grupo Patinhas e filiações, contando formação original, agregados e a todos esses que fazem do meu final de semana e eventos, momentos de alegria e diversão extremas. Que em 2009 Sejamos ainda mais e mais TUDO possível.
~> Ao Raphael, meu amigo. Meu irmão. Que nesse Novo Ano você seja muito mais feliz rapaz, sem muitas preocupações e problemas, dos pequenos aos grandes, para que possa extrair de todos os momentos tudo de bom que eles possam te oferecer. Ta no coração pra sempre.
~> Àquela que sempre e sempre está ao meu lado, seja brigando comigo ou tirando fotos de mãos dadas. Saiba o quanto sou agradecido por viver em minha vida. Fazendo parte da minha vida. Te Amo Lívia. Por todo sempre.
A todos uma ótima entrada de ano e muitos outros momentos maravilhosos no decorrer dele.
Espero que mantenham as visitas e agendamentos de consulta. Aqui. No NOSSO consultório, porque sem vocês... Ele não existiria.
Abraços a todos e um ótimo Ano Novo.
Mah.luco.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Esperanças mais do que indubitáveis...

Por um breve momento, antes de começar esse post, pensei em dizer-lhes da minha aposentadoria. Mas não. Não quero parar. Não agora. Ainda há esperança na minha vida. E é sobre ela que falarei hoje.
Força que subestimamos desde que nos conhecemos como gente, a esperança trás consigo uma arca como a de Pandora, só que sem os malefícios para toda uma humanidade. Talvez se os trouxesse, cada homem pensaria mais de uma vez em seus pedidos e desejos.
Reconhecida também como expectativa, perspectiva e até mesmo voto de desespero, a esperança carrega um grande fardo contigo: o da satisfação. Sim.
Não creio eu que utilizei mal a palavra. Digo satisfação pela simples idéia de que tudo que almejamos, queremos possuir, mesmo que não em nossas próprias mãos “individuais” e sim coletivas.
Dizer que ela é a ultima que morre faz certo sentido, mas quando envolvida com outros sentimentos como o amor, creio que desfalece antes do fim. Nada dura mais do que o amor. Há quem diga que se tem amor há esperança, mas se há esperança não exatamente deve existir amor. Renego quem diz isso. Pois se você acredita em algo, coloca o seu amor nele, mesmo que indiretamente. Inconscientemente.
Gosto muito de usar a metáfora da vela, que acendemos para que a esperança não se esvaia, para que possamos ter algo que nos prenda, de maneira não pejorativa, a alguma coisa que nos comove, que nos gera confiança, mudança. Transformação.
Procurar pontos de esperança é uma ação tipicamente humana que remete a necessidade de algo mais para viver além de si próprio. Não adianta só existir.
Seja através de uma troca de olhares, de uma boa nota em uma prova, uma cura para alguma doença ou o fim de uma guerra. Tem que ter esperança.
Que a sua esperança seja em algo bom e confiável para que não lhe ocorra nada desagradável, principalmente nesse fim de ano, onde as esperanças de um novo começo são de maneira concreta, indubitáveis.
Desejo-te leitor, um maravilhoso final de ano, cheio de concretizações e atos vangloriosos e no inicio de outro ano estupendo, muitas alegrias e novas metas almejadas.
Agradeço a visita mais do que nunca e não se esqueça que antes que a vela se apague, ainda há esperança.
Até a próxima consulta.
Mah.luco
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Facetas divergentes

Em um momento de reflexão, entrei em contradição comigo mesmo buscando saber se há em mim mais de um eu, se em cada ser humano há mais de uma face para viver nesse mundo agonizante.
Não somente para viver, mas diria que para sobreviver. Cheguei a conclusão que existe sim.
Muitos de nós seres humanos acreditam ser somente um "de forma transparente" ou então se referirem como "um livro aberto", mas não creio que essas sejam as melhores formas de se dizer que são apenas um, ou então de que tudo que passa pela sua mente lhe é transmitida pra fora, porque isso também não é verdade.
Por mais que não aceitemos, inconscientemente, nós selecionamos aquilo que dizemos.
Só que o que nós dizemos depende muito daquilo que sentimos e que temos a essas palavras nada mais são do que uma parte do que sentimos.
"Como explicar que podemos existir inúmeras vezes, se não for da divisão de um corpo para inúmeras maneiras de ser?"
Ser apreensivo, ser sorridente, ser sarcástico ou ser amável não torna uma pessoa "duas caras" ou inconstante, só transmite a certeza que temos distinções dentro de nós.Todas essas facetas, juntas porém não no mesmo instante, é que nos fazem nós mesmos.
Isso não significa que você tenha múltipla personalidade, mas que você é capaz de possuir/repassar os sentimentos que sente e que lhe pertencem.
Concluirei com uma frase que faz sentido para esse post:
"Seja um. Seja todos. Seja você. Não tenha medo disso, pois se tiver, deixará de ser você."
Obrigado pela compreensão de todos os meus "pacientes" pelo grande intervalo dos posts e principalmente pelo tamanho deste, mas é que por causa do grande tempo que a faculdade exerce/suga fica difícil de postar cada dia mais, porém me prometi que esse blog não seria abandonado e cumprirei essa promessa.
Até uma proxima consulta e não deixe de agendar a sua...
Um grande abraço a todos.
Mah.luco
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Explicações...

E depois de tooooooooooooda essa descrição acho que chega né?
Espero que tenham gostado desse ciclo e gostaria de inovar um pouco[ mais] nesse novo que começará. Quero pegar alguns textos de amigos, independente de quem é, e postar aqui. De preferência algo relativo ao blog, mas se não for... farei uma analise puxando pra cá. Que tal? Gostaria de opiniões, pois não escrevo só pra mim e na verdade, nem um pouco pra mim.
Mah.luco
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Crônica 02 de 02 - Último suspiro

domingo, 7 de setembro de 2008
Crônica 01 de 02 - Carta de Piedade

"Aos meus familiares
Provavelmente será você mãe, ou você pai, que encontrará essa carta.
Sem muitas palavras de inspiração, ainda mais por não ser um cartão de Natal gostaria de agradecer todo o tempo que à mim dedicaram para que fosse uma pessoa de boa índole e que fizesse apenas aquilo que "as regras estipulam-nosa fazer".
Não preciso mentir para vocês, mas também não preciso dizer-lhes a verdade, que me fez tomar essa atitude, porque não acreditariam, só quero que saibamque nunca erraram comigo.
Avida pareceu me pregar uma peça, mas consegui achar uma saída.
Todavia seja visto como covarde, todavia não sei se qualquer um que não seja "covarde" teria a mesma coragem que tive à tomar essa decisão.Talvez não me entendam, mas sei o que estou fazendo e não tenho medo das consequências e espero nunca provocá-los a ira ou o desespero pela minha atitude e também, para que não possa atrapalhar a vida de mais ninguém.
Espero que seja um lugar melhor. Onde não me encham a cabeça.
Se algo for feito em minha lembrança, não exijo nada e que isso esteja claro, que seja para os amigos mais próximos e familiares somente.
E que seja ao céu aberto, pois sabem que desde criança a alegria que o vento me proporciona.
Amarei sempre vocês. Adeus.
Seu flho amado."
Gostaria de dizer, que não se refere a nenhuma pessoa conhecida e que estou bem, muito obrigado.
Também gostaria de deixar uma dedicatória a uma pessoa muito especial que teve uma perda muito grande recentemente e que a mim também chocou:
"Saiba que como já lhe disse antes, estarei aqui como amigo para todo o momento que precisar e não só na hora de sorrir. te adoro muito e sei do fundo do meu coração que algo bom foi lhe reservado, porque não era justo que isso ocorresse."
Obrigado pela visita e não perca as próximas consultas...
Mah.luco
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Crônica- Dia D

*Obs: Crônica escrita apenas por montagem de cenas de devaneios e clichês.
*Obs dois: Não ocorreu comigo e está bem longe de ocorrer (quiçá não ocorra): Bruh. Te amo meu anjo.
Obrigado pela visita... Gostou? Então agende o seu horário dando um clique nos comentários, deixando seu nome e hora escolhida. ;)
Mah.luco
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Crônica - Banco de pensamentos

Muitas idéias. Um papel e uma caneta.
"Sentado sozinho num banco de praça abaixo de uma grande árvore de copa esverdeada, refletia sobre a invulnerabilidade humana. Como o Super-Homem poderia realmente existir se não podemos ter poderes como voar ou ter visão de raios-X, já que é isso que o torna ‘invulnerável’ – tirando a Kriptonita-?
Talvez não sejam essas capacidades que deveríamos desenvolver para agüentarmos dores mil, tanto nossas quanto dos outros, ataques de choro por sabermos de atrocidades, ou então, de condições subumanas.
"Precisamos ser fortes. Precisamos acreditar."
Eu sei que não sou o único desacreditado com o mundo que vivemos, todavia sei também, mais uma vez, que não sou o único que não me dedico ativamente a mudá-lo. Força de vontade existe, e muita, mas a “imprudência” de não saber o que fazer é maior.
"Já sentiu a sensação de impotência?"
Aquela que não deixa sentirmos o chão que pisamos, o ar que respiramos, que paralisa-nos por dentro e retira tudo da nossa mente fazendo por fração de segundos, ou até mesmo segundos, não lembrarmos quem somos? É pior, em minha opinião, e que isso fique claro, do que o próprio sentimento de perda.
Em certos momentos da minha vida, encontrei os 2 sentimentos num mesmo local e tive uma vontade quase que paranóica, por um breve período, de deixar de ser, mas a vontade de fazer algo melhor, por e para alguém, e também a re-significação daquilo para mim prevaleceu e me deu forças para continuar. Para pensar.
"Para pensar que a felicidade sempre volta a surgir e que fazer o bem gera um bem ainda maior."
Mesmo a vida sendo feita de retalhos, nós podemos uni-los e fazer uma grande colcha para aquecer o mundo, as pessoas e principalmente seus corações. Em nenhum momento eu escrevi que seria fácil, por realmente não ser, mas sem tentar não podemos prever a nossa vida, ou ainda mais, não podemos construir a nossa vida.
"É isso que torna o homem invulnerável a ponto de ser feliz, não só até o ‘Feliz para sempre’, pois o que é para sempre, sempre acaba, mas até depois dele." ”
*Obs: Hoje não tenho mais o que escrever porque acho que o que queria realmente retratar está ai, e foi um alívio desabafar já que o mar está tão longe e não tenho um espelho por perto... (Crônica escrita após um longo e divergente dia).
Obrigado pela atenção e volte sempre...
Mah.luco
sábado, 16 de agosto de 2008
Autonomia ou Ousadia?

Estava eu em casa, quando tive um grande insight ao ouvir uma musica cantada pelo Capital Inicial que começava assim o refrão: “Procuramos independência [...]”
Nessa semana que passou desde o último post, comprei um livro que há muito tempo procurava e acho que se encaixa perfeitamente aqui hoje. Slam, do escritor Nick Hornby e publicado aqui no Brasil pela editora Rocco, é um livro sensacional para quem diz ter independência ou já a tem e não sabe.
Conta a história de um menino que aos 16 anos se torna pai, mas não direi mais nada dele para que, caso alguém se interesse, não estrague as surpresas. O ponto de impacto relacionado ao lance da música é que nem sempre nós temos o que queremos ou temos e não sabemos. Pode parecer meio clichê isso, mas tentarei te convencer que não é.
A maior parte do tempo de nossas vidas nós procuramos, e mais ainda enumeramos/sonhamos, com o nosso futuro e com o que há de vir, esquecendo-nos do presente. Mas essa independência está nas nossas ações e não na curiosidade de tentar ver o mundo de forma diferente.
“Não devemos apenas imaginar se temos a possibilidade de fazer.”
A verdade depende de cada um, pois não existe uma universal, por mais que isso contradiga muita gente. Muitas vezes nós também não aceitamos o fato do jeito que é por criarmos barreiras que nos impedem até mesmo de ver a verdade.
O critério de independência é muito relativo, não? Podendo ser classificado como autônomo, ou quem não depende de nada nem de ninguém, uma grande mentira, é possível percorrer uma estrada de momentos libertos da vida do ser humano. Acho que uma boa classificação seria: livre (mas mesmo assim, teria receios de dizer isso).
“Até que ponto somos livres e/ou queremos a liberdade?”
Quando temos tudo, ou partes de um todo, a nossa disposição, não procuramos a independência com tanto furor, com tanto frenesi, como se aquilo atasse nossas mãos com grilhões e fizesse de nós um ser pior. Apenas aceitamos.
Por que temos paradigmas a seguir?
Por que temos que seguir o dogmatismo de outros?
Seria possível vivermos por si só?
Será que queremos viver “sozinhos”?
Essas perguntas, mais reflexivas do que esclarecedoras, vêm caminhando comigo há algum tempo, mesmo não sabendo explicá-las (e o meu pensamento sobre elas).
Pesquisando, encontrei uma frase ótima para concluir:
“A independência do homem não se faz com atitudes radicais e inesperadas, e sim na coerência com que dirige sua vida.”
Em outras palavras: Você faz a própria independência de acordo com a maneira que rege a sua vida e o modo que ela se distingue das outras tantas que habitam o planeta.
Agradeço a visita de todos que tornam desse blog realmente uma maneira de passar as minhas idéias em diante...
Tenham uma ótima semana...
Mah.luco